11/04/22 14h08

Sorocaba é polo de cervejarias artesanais

São ao menos 24 estabelecimentos do segmento que atraem turistas vindos de diversos lugares

Jornal Cruzeiro do Sul

Sorocaba é uma das cidades mais procuradas pelos turistas apaixonados por cervejas artesanais que buscam a tranquilidade do interior paulista para apreciar novos sabores. O município conta com 24 microcervejarias registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Esses estabelecimentos atraem muitos visitantes, são pessoas da Capital, cidades da região e até mesmo moradores de outros países passam por Sorocaba para conhecer a beleza e o cardápio diversificado da sede da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), afinal, a cidade está entre as seis regiões do Estado de São Paulo com o maior número de cervejarias artesanais, ao lado de Piracicaba, Serra da Mantiqueira, Campinas, Ribeirão Preto e Capital.

Desde 2019, o municÍpio é reconhecido pelo Estado de São Paulo como polo cervejeiro e não para de crescer nesse segmento. Boa notícia para os empresários que investem cada vez no negócio. Glauber Scatena é um deles. Ele começou a produzir cerveja em casa há cerca de 10 anos como um hobby, mas foi em 2020 que o passatempo se tornou algo profissional. No quintal de casa, Scatena fazia receitas variadas e compartilhava com os amigos. Os sabores criados pelo cervejeiro foram ficando famosos entre as pessoas de seu convívio e a notícia começou a se espalhar pelo condomínio em que mora. Logo as encomendas chegaram e a produção começou a aumentar.

“Decidimos alugar o salão do meu avô para fim comercial, compramos chopeira a gelo, cilindro, geladeiras e aumentamos a produção para 170 litros por mês”, comenta o empresário, acompanhado pela esposa Mayara Soeiro Scatena. Com o retorno positivo, aconteceu o investimento e hoje, ao lado do sócio André Siebert, Glauber e a esposa são proprietários da cervejaria Bulgaro’s, na Vila Barcelona, em Sorocaba.

Outro exemplo de expansão é a cervejaria Happy Brew. O estabelecimento está há 13 anos no mercado e cresceu durante a pandemia. Hoje a cervejaria conta com sete funcionários, palco, música ao vivo e recebe muitos turistas. “Em São Paulo, o pessoal não tem essa disponibilidade de passar por uma porta, ver de onde sai a cerveja, tomar direto da fonte e com um preço muito mais acessível do que chegaria no mercado para ele, em uma garrafa pasteurizada. E aqui é chopp, sem pasteurização, a cerveja mais fresca possível e eu acho que é isso que está agradando o pessoal e os levando a buscar esses estilos e cervejas diferentes também. Essa qualidade e esse frescor que é bem diferente da cerveja de lata e de mercado”, conta Renato Angelozzi Montenor, cervejeiro da Happy Brew.

Para os profissionais da área, além da exigência dos clientes pela qualidade de produto, esse aumento das cervejarias artesanais também se deve a diversidade de estilos e os diferentes métodos de consumir a bebida. “Antes era só lata e garrafa, hoje não, hoje dá para encher um growler, colocar na lata que a gente lacra na hora e vai direto para o cliente, de forma fresca. Há também essas facilidades que o mercado está tendo em insumos. Antes, não tinham opções no mercado. Agora, a cerveja cresceu e os equipamentos e insumos também estão aumentando demais. Antigamente você não achava nem distribuidor, hoje está muito mais fácil”, ressalta Renato.

Processo produtivo

E para que tudo saia como o planejado e o consumidor receba o produto fresco e com o sabor ideal, a cerveja passa por um delicado processo de produção que dura cerca de 20 a 30 dias. “Primeiro fazemos a moagem do malte, que nada mais é do que um grão, um cereal. Depois acontecem os processos de mosturação, classificação e fervura. Então, cozinhamos o malte para ativar o amido e começar a gerar o açúcar. Depois de passar por um processo de classificação para tirar o resto de casca levamos para a fervura, elevando a temperatura entre 98º e 99º graus. Temperamos o mosto, colocamos o lúpulo para dar amargor e aroma e os adjuntos especiais que variam para cada estilo de cerveja. Depois da fervura, tem o descanso para decantar as impurezas”, explica o cervejeiro Glauber. Essa primeira etapa demora seis horas para acontecer. Em seguida, tudo é colocado no tanque junto com a levedura e ocorre a fermentação, momento em que o açúcar se transforma em álcool, e por fim a maturação, quando acontece o amadurecimento da cerveja.

Rota Cervejeira

Com o avanço do setor na cidade, a Associação Cerveja Livre com o apoio da Secretária de Turismo e do Parque Tecnológico trabalha no desenvolvimento da Rota Cervejeira. O projeto está sendo formatado com 21 empresas do segmento, contemplando as cidades de Sorocaba, Votorantim, Araçoiaba da Serra, Capela do Alto e Tatuí. A elaboração da rota começou durante o ano passado, quando a equipe da Sedettur realizou visitas técnicas nos locais para mapear e mensurar a capacidade de atendimento dos estabelecimentos.

De acordo com a Prefeitura, a logomarca da Rota já foi definida pelos empresários “Vamos fazer treinamentos com a recepção dos hotéis para que eles saibam onde ficam os estabelecimentos. As próprias cervejarias também vão passar por um treinamento para receber bem os clientes. Tudo isso pensando para que a pessoa tenha uma boa experiência quando chegar aqui”, explica Luis Bramante, gestor da Associação Cerveja Livre.

Com a implantação da Rota os visitantes também poderão conhecer o processo de produção das cervejas e sua história, além de saborear as cervejas produzidas no local. Para a Sedettur, a ideia é que todos tenham uma experiência memorável e assim tornar o polo cervejeiro ainda mais conhecido atraindo visitante de todo o Brasil.

O mapa será disponibilizado na Casa do Turista que fica na rua Ana Monteiro de Carvalho, no Jardim Santa Rosália. 

fonte: https://www.jornalcruzeiro.com.br/sorocaba/noticias/2022/04/691817-sorocaba-e-polo-de-cervejarias-artesanais.html