01/12/16 15h14

SP investe em contrato multilateral de impacto

Valor Econômico

Os Contratos de Impacto Social (CIS) devem ganhar espaço no Brasil nos próximos anos.

Os governos dos Estados de São Paulo e do Ceará firmaram recentemente acordos para a elaboração de projetos nesse formato, que envolvem poder público, setor privado e organizações da sociedade civil, com o objetivo de melhorar indicadores socioambientais em áreas como saúde, educação e assistência social.

O diferencial desse contrato multilateral é que ele é financiado por investidores privados, que assumem o risco e bancam a iniciativa, sendo remunerados somente se as metas previamente estabelecidas forem cumpridas. A ideia é que uma vez comprovada a eficácia do projeto, ele se torne uma política pública e possa ser replicado em outro locais. "O fato de o pagamento estar atrelado aos resultados fez o Estado se animar com o assunto, além da questão inovadora e da economia, que permitirá um alívio no fluxo de caixa", afirma Karla Bertocco, da Subsecretaria de Parcerias e Inovação do Estado de São Paulo, referindo-se à redução de despesas quando da prestação de serviços eficientes.

O tema foi debatido na semana passada, em São Paulo, no seminário "Inovação em Contratos de Impacto Social: Experiência Mundial e Agenda para o Brasil", promovido pelo Insper Metricis e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Ambos os órgãos participam do termo de cooperação assinado em outubro com o governo paulista para a realização de um projeto piloto de CIS na área de educação.

O objetivo é reduzir a evasão e a repetência no ensino médio e melhorar a performance dos alunos desse segmento em avaliações da aprendizagem. Escolas de regiões mais vulneráveis, com maior incidência de evasão dos alunos, devem ser o alvo da ação, segundo estudo preliminar apresentado no evento, produzido pelo Insper Metricis e o Social Finance, entidade inglesa sem fins lucrativos, que em 2010 criou o termo, mais conhecido como "social impact bond".

"É um mecanismo complexo, mas que pode crescer no país, diante do cenário atual de ajuste fiscal e de maior cobrança social", diz Sérgio Lazzarini, do Insper Metricis.

As medidas para atingir os objetivos propostos ainda não foram determinadas, mas podem incluir boas práticas de gestão, a aproximação da escola com a família e a motivação e o desenvolvimento dos alunos.

"A modelagem contratual, intervenções, metas e provedores do serviço entram na próxima etapa do relatório, feito em conjunto com todos os atores do projeto, inclusive a Procuradoria Geral do Estado", ressalta João Marcelo Borges, especialista em educação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Os custos do programa também faltam ser definidos, mas a previsão é que a execução do trabalho comece em 2018.