27/09/16 14h21

Startup da região lê pensamentos em sites

Diário do Grande ABC

O consumidor que costuma comprar pela internet já deve ter reparado que, muitas vezes, ao colocar um produto no carrinho virtual, e sair daquela página, recebe e-mail com lembrete para que aquela compra seja retomada. A Biggy, startup de São Bernardo criada para aprimorar essa tecnologia, desenvolve ferramenta que praticamente lê os pensamentos do usuário, e sugere a ele itens relacionados que estão em linha com seu gosto, conforme comportamento demonstrado não somente durante sua visita ao site, mas também em redes sociais, aplicativos e a partir de informações coletadas nas lojas físicas.

O objetivo da Biggy é utilizar de forma inteligente as informações disponibilizadas pelo consumidor e, dessa forma, entender o que ele deseja. Ao mesmo tempo, quer fazer com que as empresas atuantes na web, ao adquirirem o software de recomendação, ampliem em até 40% suas vendas on-line.

Lançada oficialmente no fim de julho, a Biggy é uma startup que surge dentro da Atma IT, plataforma de e-commerce B2B (Business to Business), sigla utilizada para designar transações comerciais virtuais entre empresas.

Sua maior cliente hoje é a Centauro. “Milhões de usuários pesquisam tênis, roupas, material esportivo. Quando eles saem do site, e abandonam o carrinho de compras por algum motivo, seja porque tocou o telefone ou porque desistiram momentaneamente da aquisição, emitimos lembrete. Recomendamos que retomem a compra e ainda sugerimos outros produtos que possam lhes interessar”, explica Fábio Gaia, sócio da Biggy. Ou seja, além de estimular a aquisição de determinado tênis, o software também indica uma roupa que combine com o calçado. Ou, se foi colocada no carrinho uma calça própria para ioga, é sugerida também uma esteira para a prática do esporte, por exemplo.

Segundo o empresário, que atua há 30 anos com TI (Tecnologia da Informação), a Centauro está com a Biggy desde maio e, de lá para cá, a rede de artigos esportivos já notou crescimento de 6% em seu faturamento. Ele cita que isso também é fruto de custo 25% menor do serviço, já que a empresa migrou da concorrência.

“Essa tecnologia é fundamental ao comércio eletrônico porque o ambiente de casa é mais dispersivo do que o de uma loja física. Trata-se do mundo da inteligência artificial, que é muito novo e tem potencial enorme a ser explorado. Enxergamos mercado de R$ 45 bilhões”, afirma ele. “Estamos empolgados porque é uma forma de os sites terem mais personalização. Queremos cada vez mais ser do jeito que o consumidor gosta. E vamos aprendendo sobre ele conforme sua navegação.”

A empresa, que nasceu no setor acadêmico, começou a ganhar formato em 2013, quando o engenheiro de software Alan Prando – também sócio da Biggy – fez pesquisa para seu mestrado e notou que havia possibilidades de trazer para escala comercial as inovações apuradas cobrando menos do que a concorrência. Situada no Rudge Ramos, em São Bernardo, está de mudança para o Cerâmica, em São Caetano, no início de outubro. O objetivo é, em dois anos, fazer com que 30% dos maiores sites possuam ferramentas da Biggy. De julho até o fim do ano, a perspectiva é faturar R$ 1 milhão, e incrementar a receita para R$ 5 milhões em 2017. Hoje, a startup possui três clientes, portfólio que quer ampliar para oito até dezembro e para 20 no ano que vem.

Contratação - Junto com a projeção de crescimento, vem a ampliação do quadro de profissionais. “Vemos potencialidade grande de profissionais da região formados em tecnologia ou engenharia, saídos de faculdades como Termomecanica, FEI, Mauá e UFABC e queremos contratá-los. Vamos priorizar quem mora aqui no Grande ABC, para que trabalhem perto de casa”, diz Gaia.

Atualmente, a Atma IT possui 18 funcionários, sendo seis só atendendo a Biggy – e o intuito é ampliar essa equipe. Há em aberto três vagas, sendo duas para estágio em big data e uma para desenvolvedor Java Jr. Interessados podem enviar currículo para [email protected].  A remuneração não é divulgada.