07/02/18 13h39

Startup levanta recursos com oferta de criptomoeda para dar crédito a pequeno produtor rural

Empreendedores de vários países formaram Moeda com tecnologia blockchain e proposta de oferecer taxas mais baixas em prazo maior

DCI

Formada por empreendedores de vários países que se juntaram durante uma maratona de desenvolvimento de softwares promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), a plataforma digital Moeda terá US$ 1,5 milhão para emprestar recursos a 18 pequenos produtores rurais no Brasil. Os recursos foram levantados por meio de uma emissão de criptomoedas.

A startup de impacto social tem como proposta oferecer taxas de juros mais baixas e prazos de pagamento mais longos que a média praticada no mercado de crédito convencional.

Isso porque a Moeda utiliza a tecnologia blockchain e opera no modelo peer-to-peer (P2P), ou seja, uma rede formada por conexões diretas entre vários participantes sem um intermediador central. Diferente do modelo tradicional de bancos e financeiras, esse sistema tende a propiciar taxas de juros mais baixas por não envolver a remuneração de um intermediário. A tecnologia blockchain também colabora para reduzir custos, por ser considerada mais eficiente e segura.

A startup, porém, não revela as taxas e os prazos dessa primeira leva de operações de crédito. Segundo dados de dezembro do Banco Central, o prazo médio de pagamento nas operações de crédito rural no mercado em geral é de 23 meses, com cerca de 8,6% de juros ao ano.

Produtores beneficiados

O valor total de US$ 1,5 milhão será dividido entre várias operações, de acordo com as necessidades de cada negócio atendido. Os valores variam de US$ 6 mil a US$ 520 mil.

Os produtores receberão os financiamentos por meio de uma parceria entre a Moeda e uma organização não governamental chamada União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes).

Entre os exemplos de negócios selecionados estão a Cooperativa de Agricultura Familiar Vale do Itajaí, na cidade de Dona Emma (SC), que irá receber US$ 520 mil para a construção de uma bioindústria de produção agroecológica. O projeto beneficiará diretamente mais de 250 moradores locais, segundo a Moeda.

Outra contemplada é a Cooperativa de Agricultura Familiar de Lebon Regis, na cidade de Lebon Regis (SC), que terá US$ 205 mil para construir, equipar e fornecer capital de giro para uma panificadora que tem somente mulheres como proprietárias.

História

O esboço da Moeda surgiu em março de 2017 durante um hackaton promovido para buscar soluções para atingir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. A startup foi fundada oficialmente no mês seguinte, por empreendedores de diferentes países, entre eles China, Estados Unidos e Brasil.

Para levantar funding - os recursos necessários para oferecer crédito -, os fundadores fizeram uma oferta inicial de criptomoeda (ICO, na sigla em inglês) denominada como MDA. A operação vendeu 20 milhões de MDAs com valor unitário de US$ 1. A oferta foi feita por meio da plataforma Etherum, que, além de ter uma criptomoeda própria, também atua com ferramentas de blockchain.

Após levantar o capital desejado, os empreendedores utilizaram boa parte dos recursos para criar um fundo com foco em projetos sustentáveis. Os investidores que compraram MDAs terão acesso aos projetos investidos no momento e também aos próximos, que deverão se expandir além de empreendimentos na área rural.

Os detentores de MDA também terão a possibilidade de negociá-las em exchanges (casas de câmbio online focadas em negociação de criptomoedas) internacionais, como a Binance.