06/09/16 14h57

Startups ajudam estudantes a conseguir bolsas de estudo

Empresas oferecem vagas para alunos que não podem arcar com mensalidades e ajudam faculdades a preencherem salas de aula

Pequenas Empresas & Grandes Negócios

Conectar alunos que não podem pagar mensalidades de um curso a instituições de educação que não conseguem preencher todas as turmas. Este é o negócio que duas startups brasileiras estão apostando. A Prol Educa e a Quero Educação são plataformas de bolsas de estudo.

Apesar do termo startups estar associado a tecnologia, as empresas brasileiras têm uma predileção pela área de educação. No Brasil, visando melhorar uma das áreas mais sensíveis e defasadas do país, empreendedores têm encontrado oportunidades de negócios. Segundo estudo realizado pelo Sebrae- SP “Lado A e Lado B - Startups”, a educação é alvo de 30% dos empreendedores que desejam realizar investimentos.

A partir de vagas ociosas que sobram nas salas de aulas, a Prol Educa e a Quero Educação têm feito parcerias com instituições de ensino e oferecem vagas por custos mais baixos de mensalidade. Se você ficou curioso para entender como funcionam esses negócios, conheça as histórias abaixo:

A Prol Educa surgiu em 2015 a partir do trabalho que um dos sócios fazia desde 2013. Petrus Vieira, 30 anos, era professor de educação física e, na época, trabalhava na coordenação de um curso técnico no município de Jaboatão dos Guararapes (PE). Seu trabalho era visitar funcionários de empresas e oferecer desconto nos cursos técnicos para possíveis alunos.

Mesmo com o trabalho exaustivo, o resultado era pequeno. “Os descontos oferecidos eram pequenos e poucas pessoas se inscreviam. Decidimos, então, fazer algo parecido, mas que de fato fosse uma oportunidade para as pessoas”, conta Rafael Paiva, um dos idealizadores da startup junto a Vieira e Pettrus Nascimento. “Percebemos que era possível oferecer grandes descontos para quem precisa de ensino básico, superior ou cursos técnicos. Começamos a visitar as instituições para propor parcerias”, diz Paiva.

A ideia da startup é aproveitar as vagas que restam nas salas de aula e oferecê-las com descontos de até 50% em seu site. “Oferecemos bolsas para preencher vagas ociosas e dar oportunidade aos estudantes. Ao mesmo tempo, geramos receita aonde não existia, ajudando também a instituição de ensino”, diz Paiva.

Com investimento inicial de R$ 20 mil, hoje, os três sócios contam com mais uma sócia, a enfermeira Priscila Paiva, 34 anos. “Nosso foco era atuar em instituições de Pernambuco, mas tivemos a oportunidade de levar o Prol Educa para Minas Gerais com a Priscila, que cuida de tudo por lá. Hoje, nos dois estados, temos 84 instituições parceiras”, diz Paiva.

No primeiro ano, a empresa faturou R$ 200 mil somente com o Ensino Básico, que representa o maior segmento dos inscritos na plataforma. Além de receber a primeira mensalidade do aluno em seu valor integral, a empresa fatura com as taxas de renovação. Na renovação da matrícula, o valor pago pelo aluno também é integral. Contudo, ele deve pagar 50% à plataforma e o restante à instituição de ensino.

Com o objetivo de fazer um trabalho de inclusão social, a equipe seleciona quem terá acesso à bolsa. “O caso mais frequente de pessoas que não são classificadas para receber o desconto é das que podem arcar com os custos normais da instituição. Nós não damos descontos, nós oferecemos oportunidades. Por isso, a maior parte do nosso público pertence às classes C e D”, diz Paiva.

A meta da startup para 2016 é aumentar o número de parcerias para 150 instituições. Quanto ao faturamento, eles esperam fechar com R$ 300 mil. “Queremos contribuir com a vida das pessoas e não oferecer um produto”, diz o empreendedor.

Diferente do Prol Educa, a Quero educação é focada no ensino superior do país. A startup é a primeira empresa brasileira de educação a ser apoiada pela Y Combinator, aceleradora americana que inclui em seu portfólio empresas como Airbnb e Dropbox.

A startup surgiu em 2012 por três amigos engenheiros da computação que estudaram juntos no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Bernardo de Pádua, 33 anos, Lucas Gomes, 28 anos, e Thiago Brandão, 28, viram a oportunidade de negócio surgir quando notaram um problema recíproco: a demanda das instituições por alunos e estudantes sofrendo com os altos custos das mensalidades.

Depois de criar a Quero Educação, a startup lançou seu maior produto, a Quero Bolsa. “Para a maioria dos estudantes, o grande problema é encontrar uma instituição de qualidade e com baixo custo. Hoje, somente 14% da população brasileira tem ensino superior completo e nós queremos mudar isso”, diz Pádua.

Com o preenchimento de vagas ociosas, o trio espera democratizar o ensino superior no país. “Nós fazemos parcerias com as universidades e ajudamos deixando suas salas cheias. Damos até 70% de desconto nas mensalidades para os alunos, sendo somente a primeira paga para a Quero Educação”, conta o empreendedor.

Hoje, a startup já tem parceria com mais de 700 instituições em todo o país e está presente em mais de 1.500 cidades. “Este ano, nos inscrevemos para o programa de aceleração da Y Combinator, que todos os anos seleciona 200 startups para serem apoiadas. Fomos escolhidos e ficamos três meses no Vale do Silício recebendo a ajuda da empresa. Já fizemos nossa apresentação aos investidores e agora vamos ficar aqui por um tempo”, diz Pádua.

Com investimento de US$ 800 mil até agora, além dos US$ 120 mil da Y Combinator, que acabou de ser investido na empresa, a Quero Educação espera fechar o segundo semestre de matrículas deste ano com US$ 7,3 milhões de faturamento. “Queremos que a ajuda da aceleradora nos possibilite a levar o sonho da educação para cada vez mais pessoas”, conta Pádua.