09/10/17 14h18

Tecnologia de superimã do IPT traz boas perspectivas para o Brasil

Pesquisas para produção do material, utilizado em turbinas eólicas e carros elétricos, pode implicar no domínio de toda a cadeia produtiva

Portal do Governo do Estado de São Paulo

O Centro de Tecnologia Metalúrgica e Materiais do IPT pesquisa uma liga para produção de superimãs (imãs de alta potência) utilizados em turbinas eólicas, carros elétricos e discos rígidos de computador, entre outras aplicações, com a fabricação de tablets e celulares.

Trata-se de um trabalho emblemático que marca a atual fase do instituto, de inovação radical, ou como afirma o presidente do IPT, Fernando Landgraf de “produzir coisas que o mundo ainda não descobriu”.

A liga é feita a partir do processamento de um elemento químico chamado óxido de neodímio, metal obtido a partir de minérios que contém 17 elementos químicos conhecidos como terras-raras. O maior produtor de terras raras é a China que extrai os minérios e ao mesmo tempo domina a tecnologia de produção dos chamados superimãs.

O fato de o Brasil passar a dominar essa tecnologia pesquisada pelo IPT representa um verdadeiro trunfo, como explica o pesquisador do IPT, engenheiro João Batista Ferreira Neto. Ele está à frente dos trabalhos de pesquisa de obtenção do metal e da liga para a produção do superimã, a partir oxídio de neodímio, que está sendo produzido pela primeira vez no Brasil.

As pesquisas foram iniciadas a partir de uma necessidade do mercado, que foi sempre dominado pela China e que em 2011 resolveu criar cotas de importação. O resultado foi a elevação abrupta dos preços do produto.

Não havia outro produtor, explica João Batista, e os consumidores que pensavam que o material não iria faltar, com a alta dos preços passaram a considerar a hipótese dos superimãs passarem a ser construídos em outros lugares. Outros países como a Austrália detém tecnologia para produzir os imãs mas não na escala que o Brasil pode ter.

Nosso país, que não aparecia nas estatísticas de minérios como produtor de terras raras, passou a apareceu em segundo lugar, com a China em primeiro com a produção de 55 milhões de toneladas e depois o nosso país com 22 milhões de toneladas de reserva, porque a CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração)  tem terras raras e no rejeito da produção de neodímio resolveu extrair o minério para construir uma planta de concentração para produção e refino dessas terrar raras, em Araxá, Minas Gerais.

A CBMM se deteve na produção dos óxido de neodímio mas não foi até o imã, porque esse não é o negócio dela, explica o pesquisador, e colocou o desafio para o IPT de seguir em direção à cadeia de produção dos imãs, para entender o quanto o material que a empresa extraia era bom para a produção do superimã, A empresa contratou o IPT para esse fim: sair do óxido para obtenção do metal de terra rara, que é uma liga neodímio -praseodímio, a partir do metal de terra rara, e depois numa segunda fase obter a liga didímio-ferro-boro que dá origem ao superimã.

O que a gente está fazendo agora é partir para um outro projeto engatado a esse, que envolve não apenas a CBMM, mas a WEG que é produtora de turbinas eólicas no Brasil, ou seja, que está em outra ponta da cadeia e que importa os imãs da China, para a produção de seus produtos no Brasil. O projeto envolve a participação de outros parceiros como a Universidade Federal de Santa Catarina, a partir do metal e da liga obtidas pelo IPT, conta João Batista.

Outros parceiros são uma startup que surgiu no interior do IPT, interessada em operar um laboratório-fábrica que deve sair do papel para ser construída em Minas Gerais, que se chama BRATS, e uma empresa mineira chamada Codemir, que também quer montar um laboratório fábrica de produção de imãs, que se apoia na tecnologia produzida no IPT, com a participação da Universidade Federal de Santa Catariana, e da WEG, empresa que fabrica turbinas eólicas. interessada na outra ponta que é aplicação desse imã nos seus motores e turbinas.

“Estamos envolvidos em toda a cadeia produtiva”, comemora Landgraf. “Não estamos na etapa da obtenção do minério que é de competência da CBBM, mas do metal e da liga”, completa João Batista.

A obtenção do superimã tem grande importância estratégica já que pode colocar o Brasil em um setor de ponta que é a produção do superimãs, que são utilizados em setores tecnológicos avançados como o da produção de turbinas para geração de energia eólica, discos rígidos de computador e de carros elétricos.