17/07/18 10h46

Vale anuncia novos recordes de vendas e produção no 2º tri

Valor Econômico

A Vale confirmou ontem o bom momento pelo qual passa a empresa ao anunciar novos recordes de produção e de vendas de minério de ferro para um segundo trimestre do ano. A mineradora produziu 96,8 milhões de toneladas da commodity de abril a junho, alta de 5,3% sobre igual período do ano passado, e vendeu 73,3 milhões de toneladas do produto, com aumento de 5,8% sobre o segundo trimestre de 2017. O desempenho foi garantido apesar da greve dos caminhoneiros, que paralisou o país por cerca de dez dias em maio. Como tem logística própria ligando minas, ferrovias e portos, a empresa conseguiu passar pela greve sem sofrer maiores problemas. Para superar os gargalos, a empresa transportou insumos por ferrovias e fez ajustes em suas atividades de mineração.

Agora, as atenções do mercado se voltam para o dia 25 deste mês, quando a Vale vai divulgar os resultados financeiros do segundo trimestre do ano. A expectativa é que o desempenho seja consistente. Os indicadores operacionais devem ser garantidos por preços relativamente estáveis do minério de ferro - ontem o produto com 62% de teor de ferro era negociado no porto chinês de Qingdao a US$ 64,56 por tonelada - e também pela ênfase dada pela companhia ao minério de maior qualidade no seu portfólio, que assegura o pagamento de "prêmios" sobre os preços de referência no mercado.

O prêmio do minério de ferro com 65% de teor de ferro aumentou para uma média de US$ 20,2 por tonelada no segundo trimestre ante um prêmio de US$ 16 por tonelada na média do primeiro trimestre do ano, informou a companhia no relatório de produção. Outro elemento que também conta a favor da Vale é o aumento crescente da produção de minério de ferro do S11D, sua mais nova mina em Carajás, no Pará, que agrega qualidade ao seu "mix" de vendas. A Vale informou ainda que pretende retomar a formação de estoques "offshore" (no exterior).

Uma novidade no balanço da Vale em reais, no dia 25, será a apresentação, pela primeira vez, do chamado lucro líquido recorrente, que exclui efeitos não-caixa do lucro líquido tais como baixa de ativos e variação cambial, entre outros itens. A desvalorização de quase 15% do real frente ao dólar mercado no segundo trimestre beneficia uma empresa exportadora como a Vale, que é toda dolarizada, tendo seus preços de referência, suas receitas e sua dívida em dólar. Cerca de metade dos custos da empresa são em reais, no Brasil. Contabilmente, porém, a desvalorização do real frente ao dólar tem efeito não-caixa sobre o resultado da companhia em reais, considerando-se justamente a dívida atrelada à moeda norte-americana.

O efeito da variação cambial é meramente contábil pois 67% do vencimento da dívida da Vale vai se dar depois de 2022. A Vale acredita, portanto, que o lucro líquido não é a melhor métrica para medir o seu resultado pois ele é impactado por flutuações cambiais, daí que a empresa tenha tomado a decisão de passar a divulgar também o lucro líquido recorrente.

Operacionalmente, porém, a desvalorização do real deverá ter vários efeitos positivos no resultado da empresa no segundo trimestre.

Pelos números do segundo trimestre, a Vale confirmou que deve ficar próxima da meta de produção prevista para este ano, de 390 milhões de toneladas de minério de ferro. Segundo a companhia, no segundo semestre de 2018, os volumes devem ficar acima de 100 milhões por tonelada em cada trimestre. No primeiro semestre, a produção de minério de ferro da companhia totalizou 178,7 milhões de toneladas, sendo que somente a produção do segundo trimestre foi de 96,8 milhões de toneladas, 5,3% acima da verificada em igual período do ano passado.

Como já dito pelo presidente da Vale, Fabio Schvartsman, embora a Vale vá atingir este ano capacidade de produção de 450 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, a empresa não produzirá mais do que 400 milhões de toneladas em 2018, privilegiando margens ao invés de volumes. Outro segmento que bateu recorde de vendas de abril a junho foi o de pelotas de minério de ferro. A produção de pelotas somou 12,8 milhões de toneladas no segundo trimestre, alta de 5,1% sobre 2017.