22/09/10 14h47

3Corações ameaça liderança da Sara Lee

Valor Econômico – 22/09/10

Pela primeira vez na última década, a liderança do mercado de café pode trocar de mãos. O crescimento da 3Corações no mercado doméstico nos últimos anos começa a ameaçar a hegemonia da americana Sara Lee, que se tornou a primeira no ranking brasileiro em 2000 ao comprar as marcas Pilão e Caboclo da antiga Companhia União. O grupo americano chegou ao Brasil em julho de 1998, quando adquiriu o Café do Ponto. Três meses depois comprou o Café Seleto, assumindo assim a segunda colocação do mercado.

Conforme números da Nielsen, a 3Corações - joint venture formada pela brasileira Santa Clara e pela israelense Strauss-Elite - , detém 18,1% do mercado nacional de café, contra uma fatia 20,9% da Sara Lee. Já pelo levantamento da LatinPanel, a situação se inverte. Enquanto a Sara Lee tem uma fatia de 18,6%, a 3Corações já aparece com 20,3% da preferência, com as marcas de café Santa Clara, 3Corações, Pimpinela, Letícia e Kimimo. "Em 2008 conseguimos ter uma atuação nacional, com pelo menos uma de nossas marcas em cada Estado. Com isso, decidimos unir toda a companhia no guarda-chuva 3Corações neste ano, após um trabalho de pesquisa para saber qual seria o melhor nome a ser utilizado", afirma Pedro Lima, presidente da 3Corações.

A trajetória das vendas e do faturamento da empresa retrata um desempenho superior ao do mercado de café. Em 2006, no primeiro ano da joint venture, a 3Corações vendeu no mercado interno 75 mil toneladas de café e teve faturamento de R$ 787 milhões (US$ 361,5 milhões). Para 2010, a expectativa é que sejam comercializadas 126 mil toneladas, com receita de R$ 1,65 bilhão (US$ 942,9 milhões). As vendas em volume da 3Corações cresceram em um ritmo de 13,6% ao ano nos últimos cinco anos, enquanto a receita teve aumento médio de 21,8%. No mercado interno, dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) indicam um crescimento médio anual de 3,3% nos volumes consumidos nos últimos cinco anos.

Mas a disputa pela liderança não deve se concentrar apenas nos dois grupos. Em recente entrevista ao Valor, a alemã Melitta informou ter planos de se aproximar das líderes e elevar suas vendas em um ritmo superior a 7% ao ano nos próximos sete anos, para atingir R$ 1 bilhão (US$ 571,4 milhões) até 2017. Para alcançar a meta, o presidente da subsidiária brasileira, Bernardo Wolfson, não descarta a possibilidade de novas aquisições a exemplo do que fez em 2006 ao comprar o Café Bom Jesus.