12/12/10 11h35

41% das famílias serão classe média

Folha de S. Paulo

No país que já foi chamado de "Belíndia" -por misturar a riqueza da Bélgica e a miséria da Índia-, a nova classe média chega cada vez mais perto do padrão de consumo do Primeiro Mundo. E, daqui a dez anos, essa fatia dos brasileiros deve, sozinha, colocar o equivalente a uma Bélgica no bolso. O poder de compra da classe C deve quase dobrar e saltar para R$ 757 bilhões (US$ 445,3 bilhões) em 2020, de acordo com estudo feito pela consultoria Plano CDE para a Folha. Em valores atuais, a projeção é quase o PIB (Produto Interno Bruto) da Bélgica em 2009, de aproximadamente R$ 796 bilhões (US$ 468,2 bilhões). Ou perto de duas vezes o da Colômbia, equivalente a R$ 391 bilhões (US$ 230 bilhões).

Mas é importante frisar que, no quesito PIB per capita, os brasileiros -assim como os colombianos- ainda estão longe dos belgas.

Segundo o CIA Factbook, no Brasil o PIB por habitante em 2009 foi estimado em US$ 10 mil (cerca de R$ 17,1 mil), próximo ao da Colômbia (US$ 9.300). Já na Bélgica, cada pessoa tem quase quatro vezes isso para gastar por ano: US$ 36,8 mil. A massa de renda da classe C brasileira em dez anos seria suficiente, por exemplo, para bancar 126 milhões de pacotes de viagem de nove noites a Nova York, a preços de hoje.

Para a projeção até 2020, o estudo considera um crescimento médio da economia brasileira de 4% ao ano. A partir de dados do IBGE, prevê aumento do número de famílias de 58 milhões em 2009 para 69 milhões -sendo, desse total, 29 milhões da nova classe média. O levantamento aponta ainda que o poder de compra da classe C vai ser 20% maior que o da classe A. E quase o triplo das massas de renda das classes D e E somadas. "Nesse cenário, o "brasileiro médio" passa a ter um padrão de consumo próximo ao observado em países desenvolvidos", diz Haroldo Torres, economista, demógrafo e diretor da Plano CDE.

Em relação à distribuição de renda estimada para o Brasil em 2020, a classe C deverá representar 41% das famílias. Em 2009, eram 34%. A classe D diminuiria para 22% (saindo de 27%), e a E, para 17% (saindo de 21%). E, levando em conta o número absoluto de famílias, o tamanho das classes D e E permanece praticamente constante de 1999 até 2020. "Esses dados mostram que a ascensão social que tem existido nas classes mais baixas no país é das novas gerações. São os filhos que, com mais estudo, conseguem mobilidade", diz Torres.