28/05/14 14h58

A americana UPS abre segundo grande centro no Brasil

De olho no potencial de consumo e nas obras de infraestrutura, operadora logística inaugura novo centro de distribuição em Cajamar (SP)

Brasil Econômico

A UPS, empresa norte-americana de entregas expressas e serviços para a cadeia de suprimentos, inaugurou ontem um novo centro de distribuição em Cajamar (SP), a 45 minutos da capital paulista, como parte de um projeto de expansão iniciado há três anos no país. O espaço será destinado ao sistema de armazenagem e distribuição nos segmentos farmacêutico e de produtos high-tech. A empresa já tem um centro em Goiânia, que acabou não comportando o aumento da demanda destes e em outros setores no Brasil. O centro de distribuição será feito com recursos próprios, mas a companhia não divulgou o valor do investimentos.

Apesar do cenário macroeconômico atual e de desafios logísticos e operacionais do país, a presidente da UPS, Nadir Moreno, acredita que essa é a hora de se preparar para crescer no mercado local. “O custo dos combustíveis é alto e há gargalos, seja qual for o modal usado. Mas com as concessões de aeroportos, portos e estradas, nossa expectativa é de que em poucos anos o Brasil esteja em outro patamar, atraindo mais investimentos. Esse é um momento de investir, sim, mas em compasso de espera para que estas obras sejam concluídas”, comenta Nadir.

Segundo ela, a UPS, que no ano passado faturou globalmente mais de US$ 55 bilhões e no primeiro trimestre desse ano apurou US$ 1,9 bilhão de receita — a companhia divulga apenas dados globais — está concentrando recursos em países emergentes e o Brasil é um dos focos. A meta é estar presente em diferentes frentes de atuação por aqui.

"Temos hoje quase 20 unidades de atendimento nas principais capitais. Mas faltava ter centros de distribuição de grande porte no país. Por enquanto, ficaremos com Goiânia e Cajamar. O mercado e a demanda estão fortes no Brasil. Somente no e-commerce, a procura cresce 25% ao ano. Isso já é o suficiente para ampliarmos nossos investimentos”, acrescenta Nadir.

Operadores logísticos como a UPS estão olhando também o potencial de demanda criado pelo desejo de consumo da nova classe média brasileira. Para Nadir, o apetite dessa parcela da população tende a crescer.

“Pesquisas apontam que nos próximos dez anos, somente o interior de São Paulo terá um incremento da nova classe média. E em 2020 serão mais 11 milhões de pessoas migrando para essa camada. Diante dessa população, estamos olhando todas as oportunidades de atendimento aos clientes”, destaca ela, adiantando que, para 2014, a expectativa é de um crescimento de dois dígitos no faturamento local.

Quanto a aquisições de outras companhias, elas estão descartadas no Brasil, afirma Nadir. Com atuação em 220 países, a UPS vem fazendo aquisições globais. As mais recentes foram em 2013, quando a empresa comprou ativos e operações de duas empresas na Costa Rica: a Union Pak de Costa Rica, S.A., de remessas expressas, e a empresa de corretagem SEISA Brokerage. Ambas já eram parceiras da UPS como prestadoras de serviço.

Com um volume de veículos terrestres de 96.361 carros, vans, tratores e motos de entrega, além de 237 aviões próprios, frota que faria inveja a muitas companhias aéreas de grande porte, a UPS vê na infraestrutura de estradas e aeroportos, os principais entraves para expandir ainda mais sua atuação no país. No Brasil, a empresa opera com quatro aeronaves Boeing 767 e tem como hub (centro de distribuição de voos) o aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP).

No Brasil, a principal concorrente da UPS é a DHL, que também está presente em 220 países. A empresa, que faz parte do Deutsche Post DHL, escolheu como hub o aeroporto internacional Antonio Carlos Jobim (Galeão), no Rio. A operação carioca representa 6% do faturamento da companhia, ou R$ 12 milhões só em 2013. Esse ano, a DHL Express fará novos investimentos no aeroporto do Galeão e lançará novos projetos no Rio de Janeiro, tendo em vista o aumento da demanda gerado pelos eventos esportivos que o país sediará. Além disso, novos voos de Miami e Madri direto para o Rio farão parte da rota da companhia. Entre os mercados emergentes da América Latina, México e Brasil são o foco da DHL para operação logística em geral.