07/05/13 16h32

ABDI publica documento sobre descarte de equipamentos eletroeletrônicos

Portal ABDI

Um dos principais problemas ambientais da atualidade é o aumento da produção, do consumo e, consequentemente, o descarte de uma quantidade cada vez maior de lixo. Como pela ótica do planeta, não existe o “jogar fora”, o grande desafio hoje é o destino correto dos resíduos sólidos. No tocante aos resíduos eletroeletrônicos, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC), elaborou o estudo Logística Reversa de Equipamentos Eletroeletrônicos – análise de viabilidade técnica e econômica.

O estudo, uma proposta de modelagem para a logística reversa no país – restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial para reaproveitamento no ciclo produtivo ou para a destinação final ambientalmente adequada – foi baseado nas orientações da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010.

“A reciclagem dos resíduos de eletroeletrônicos exige uma complexidade maior do que a reciclagem de materiais como alumínio, vidro ou plástico. Primeiro, porque são materiais com ciclo de vida curto, devido à introdução de novas tecnologias de forma cada vez mais rápida. Depois, porque agregam diversos materiais, entre eles mais de vinte tipos de metais pesados e substâncias química”, explica a gerente da Área de Projetos da ABDI, Carla Naves.

Segundo Carla, a extração e separação para processamento e reciclagem de cada um desses materiais exige um tratamento específico e treinamento para evitar contaminação das pessoas durante a manipulação dos resíduos e danos ao meio ambiente.

A avaliação do cenário nacional pela ABDI leva em consideração a eficiência e eficácia na reciclagem, a inclusão de catadores e cooperativas e os estímulos à reciclagem em âmbito nacional, estadual e municipal e à competitividade do setor. Além da infraestrutura necessária para a implantação com custos de triagem, frete, impostos, campanhas de coleta, estabelecimento de pontos de recebimento e centros de triagem por número de habitantes, aspectos legais e recomendações, o estudo apresenta metodologias para o dimensionamento do volume de resíduos e modelos de responsabilidades compartilhadas de países que já fazem a logística reversa para resíduos eletroeletrônicos.

“Fizemos um levantamento da cadeia da reciclagem, dos envolvidos e das responsabilidades de cada um, como consumidores, fabricantes, importadores e órgãos públicos. A implantação de um projeto como esse deve ser compartilhada”, explica o especialista em projetos da ABDI, Cássio Rabello.

O estudo também avalia programas já implantados, como de recolhimento de pilhas e baterias, pneus, embalagens de agrotóxicos e de óleos e de lubrificantes.

“O Brasil é referência mundial no descarte correto de embalagens de produtos agrotóxicos, com cerca de 94% de aproveitamento. Fica à frente da Alemanha (76%), Canadá (73%), França (66%), Japão (50%) e Estados Unidos (30%). Esse resultado é fruto de uma ampla campanha de conscientização onde o poder público, as associações de distribuidores e as indústrias fabricantes dividiram as responsabilidades para orientar corretamente o consumidor”, relata Rabello. Em sua avaliação, a implantação de um sistema de logística reversa de resíduos eletroeletrônicos depende de uma mudança de cultura, da conscientização dos envolvidos e, principalmente, da incorporação do pós-consumo como um elo indissociável das cadeias produtivas – desde a obtenção de matérias primas, passando pela fabricação, até o descarte correto pelo consumidor final.