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AES vai criar negócio de crédito de carbono

Valor Econômico - 09/09/2008

O negócio de geração de crédito de carbono do grupo AES começa devagar a ganhar forma no Brasil e em breve deve tornar-se uma empresa à parte, segundo afirma o diretor de meio ambiente, Demóstenes Barbosa da Silva. E será no curto prazo. Por enquanto, o grande projeto está dentro da AES Tietê, que na sexta-feira assinou um acordo de cooperação com a Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo, para ampliar o projeto de reflorestamento no entorno de suas usinas hidrelétricas. O projeto já foi aprovado pela Organização das Nações Unidas para gerar crédito de carbono dentro das regras do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. É por ter desenvolvido essa tecnologia, de reflorestamento dentro das regras da ONU, que a empresa foi chamada pelo BNDES e Banco Mundial para estudar um projeto de reflorestamento da Amazônia, segundo o diretor de meio ambiente da AES. Ele diz que ainda é um projeto embrionário, que envolve fundos privados, mas que se levado adiante vai reflorestar uma área equivalente a um milhão de hectares e pode gerar até R$ 4 bilhões (US$ 2,45 bilhões) em créditos de carbono. Por enquanto, de concreto nesse negócio, a empresa retoma seu projeto na AES Tietê. A partir deste mês, a empresa reinicia o plantio de mudas e espera até abril ter plantado 800 hectares. O projeto todo prevê a cobertura de uma área de 12 mil hectares. Até agora foram reflorestadas 1,8 mil hectares. Inicialmente o projeto previa o reflorestamento de 10 mil hectares e a geração de três milhões de toneladas de gás carbônico equivalentes, ou seja, redução das emissões nessa quantia. Mas estudos da Esalq já mostraram que essa área pode atingir os 12 mil hectares e gerar até 6 milhões de toneladas em função de um novo mix de espécies que pode ser usado no plantio. O diretor da AES diz que negocia a venda desses créditos para o Banco Mundial e uma empresa fabricante de aviões. Para ter retorno, a empresa espera vender por pelo menos US$ 10 a tonelada. Para reflorestar cada hectare a empresa gasta atualmente em torno de R$ 4 mil (US$ 2,45 mil). Nesta primeira fase, a empresa vai colocar à venda pouco menos de um milhão de toneladas. Isso porque a companhia acredita que pode vender melhor no curto prazo. No mercado europeu, por exemplo, a tonelada estava sendo vendida a 26 euros na semana passada. Mas os projetos de MDL não são ainda aceitos na Europa.