02/05/13 14h50

Alemã Henkel vai abrir centro de pesquisas no País

O Estado de S. Paulo

Ao atender os clientes com soluções locais, empresa espera ampliar participação de países emergentes na receita para 55% até 2020

A alemã Henkel, conhecida no Brasil pelas marcas Super Bonder e Pritt, espera ganhar espaço nos mercados emergentes para atingir a meta de faturar 20 bilhões até 2016. Dentro de quatro anos, a empresa pretende que os emergentes representem 55% da receita, frente aos 43% atuais. O Brasil é um dos países-chave desse objetivo: por isso, a companhia está investindo em novas linhas de produção e em um centro de pesquisa e desenvolvimento por aqui.

A Henkel é uma multinacional presente no Brasil desde 1955. No mundo, a companhia atua em três mercados distintos: adesivos para uso residencial e industrial, produtos de beleza e material de limpeza. No Brasil, porém, a Henkel está restrita ao primeiro segmento. Os produtos de limpeza - famosos lá fora pela marca Persil - não estão nas gôndolas de supermercados, enquanto as opções de produtos de beleza da divisão Schwarzkopf estão limitados a uma linha de cuidados com o cabelo vendida em salões de beleza.

Apesar da atuação mais focada no segmento corporativo, o faturamento da companhia no País é de cerca de R$ 1 bilhão ao ano. "O Brasil é um dos dez mercados mais importantes para a Henkel", diz o presidente mundial da Henkel, Kasper Rorsted, que esteve no País esta semana.

A companhia tem unidades nas cidades paulistas de Diadema e Itapevi, com um total de 1 mil funcionários. O principal mercado da Henkel por aqui está na venda de soluções adesivas para a indústria, o que inclui desde colas usadas em embalagens de biscoitos a soluções para o setor automotivo e produtos da linha branca.

A Henkel no Brasil está reforçando a produção da própria matéria-prima no País. A empresa separou R$ 25 milhões para a construção de uma unidade de insumos para abastecer a produção de adesivos para os mercados de embalagens e construção civil, em Jundiaí. A multinacional alemã gastou R$ 15 milhões na unidade de poliuretano, inaugurada mês passado, e pretende aplicar o valor restante em uma linha de poliéster.

Até 2016, a companhia também abrirá um centro de pesquisas no País, com o objetivo de aproveitar as oportunidades de desenvolvimento de produtos a partir de materiais locais. A empresa não revela quanto vai investir no centro brasileiro, mas diz que seu cronograma de investimentos até 2016, que soma € 2 bilhões, inclui sete novos centros de pesquisa em países em desenvolvimento.

Uma das possibilidades que a pesquisa local abrirá, segundo o presidente mundial da Henkel, é a criação de adesivos específicos para a necessidade dos clientes locais.

Consumo. Rorsted admite que a Henkel perdeu o bonde da expansão do consumo no País - e que pode estar tarde demais para corrigir o erro. Além das marcas de cola Pritt, Super Bonder e Cascola, a linha de beleza Schwarzkopf se resume somente a marcas de cuidados profissionais para cabelos como a Bonacure, vendida em salão de beleza. Apesar de a empresa ter feito algumas tentativas de ganhar o grande varejo com a Schwarzkopf no passado, o executivo da Henkel admite que a companhia não tem mais condições de brigar de igual para igual no mercado nacional.

"A concorrência cresceu muito e está mais sofisticada", diz Rorsted, referindo-se a grupos como Unilever e P&G. Segundo ele, está fora de questão no momento iniciar uma operação do zero, simplesmente introduzindo suas marcas no País. "O único jeito de entrarmos no varejo é com uma aquisição."