14/12/09 11h27

ALL quer dobrar de tamanho em cinco anos

Valor Econômico

Capitalizada e com a incorporação da Brasil Ferrovias já concluída, a ALL-América Latina Logística traça planos ambiciosos para o futuro. A companhia, com uma malha de mais de 21 mil km no Brasil e Argentina, almeja dobrar de tamanho em cinco anos. Isso significa duplicar a receita líquida projetada em R$ 2,7 bilhões (US$ 1,57 bilhão) para este ano, segundo analistas. Bernardo Hees, presidente da ALL desde 2005, afirma que essa é a meta traçada, mas ele evita fazer projeção de receita. Hees pontua que há um portfólio variado de projetos. Alguns já anunciados e em andamento e outros em maturação e estudos que vão alavancar o volume de cargas da companhia. A empresa busca crescer mais no segmento industrial, que ganhou força na ferrovia com a crise, assim como quer aumentar a participação de grãos. Atualmente, é de 40% a 45%.

Um desses projetos é a parceria com o grupo Cosan anunciada este ano para montagem de uma plataforma de transporte de açúcar do interior de São Paulo até Santos. Vai adicionar cerca de 10 milhões de toneladas de carga do produto até 2013 para a ALL. O investimento de R$ 1,2 bilhão (US$ 697,7 milhões) - na malha ferroviária, locomotivas, vagões e terminais de captação e no porto - será feito pela Rumo Logística, controlada da Cosan. O investimento da própria empresa está orçado em R$ 1 bilhão (US$ 581,4 milhões) no próximo ano, considerando R$ 300 milhões (US$ 174,4 milhões) que estão sendo aplicados na extensão da ferrovia até Rondonópolis. O trecho de 260 km terá três anos de obras, com desembolso total de R$ 700 milhões (US$ 407 milhões). A obra conta com 90% de financiamento do BNDES e 10% do FI-FGTS.

A expectativa de Hees é que a ALL continue investindo em torno de R$ 700 milhões (US$ 407 milhões) anuais nos próximos anos. O valor se justifica para manter a compra de 50 locomotivas e 1,2 mil vagões a cada ano. Apenas em 2010, a ALL terá de comprar 30 mil toneladas de trilhos, material que é todo importado. O aporte foi de R$ 650 milhões (US$ 378 milhões) e a ferrovia adicionou 300 maquinistas ao seu quadro de pessoal.

Outra frente de negócio na qual a ALL planeja crescer é a de transporte de contêineres, passando a competir com a MRS Logística. Segundo o executivo, em cinco a sete anos a meta é deter 40% da movimentação no porto de Santos. Hoje, é de mero 1%. A estimativa de investimento é de R$ 600 milhões (US$ 348,8 milhões). A ALL quer inaugurar o sistema "doble stack" no transporte de contêineres no país - vê esse sistema, que acomoda dois contêineres em um único vagão, como único caminho para enfrentar o modal rodoviário.

Na carteira de projetos, a ALL analisa instalar no porto de Santos um terminal para grãos - similar ao que tem em Paranaguá, com a Mitsui. Trata-se de uma retroárea para armazenagem e descarga para até 120 mil toneladas. Com a Vale, começou conversas com vistas a um plano de transporte de minério de ferro da mina que tem em Corumbá (MS). A mineradora já anunciou que desenvolve projeto para ampliar essas operações no futuro.