07/07/09 10h43

Apesar da crise, cimento mantém vendas de 2008

Valor Econômico

Nos primeiros seis meses do ano, as vendas de cimento no Brasil se mantiveram nos mesmos níveis do ano passado, apesar da crise. O que pode ser considerado um avanço em comparação à demanda mundial - que vive uma queda acelerada no consumo. A estabilidade brasileira e a retração de países importantes, como Espanha, Rússia e Japão, fizeram com que, em apenas dois anos, o Brasil subisse cinco posições no ranking mundial, de nono lugar em 2007 para o quarto este ano, atrás da China, da Índia e dos Estados Unidos.

Levantamento do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) mostra que as vendas de cimento para o mercado interno no primeiro semestre atingiram 23,9 milhões de toneladas, ante 24,3 milhões de toneladas de janeiro a junho do ano passado. Em junho, as vendas tiveram queda de 2,3% sobre o mesmo mês de 2008. Segundo José Otávio Carvalho, secretário-executivo do sindicato, o país deve fechar o ano com 51,4 milhões de toneladas vendidas, exatamente a mesma marca de 2008. Para empatar com 2008, o país terá que aumentar as vendas no segundo semestre e alcançar 27,5 milhões de toneladas de julho a dezembro.

A retomada da construção imobiliária - sobretudo em função do programa habitacional do governo - é o que movimenta, com mais intensidade, a indústria de cimento, segundo Carvalho. O programa habitacional do governo impulsionou a construção de imóveis de baixa renda e mudou o cenário da construção civil para este ano. Empresas especializadas no segmento econômico já prevêem crescimento de até 50% nas vendas este ano, como a mineira MRV. As construtoras que atendem a classe média também já vislumbram um cenário melhor para o ano. Depois de um primeiro semestre sem novos produtos, lançamentos de imóveis de médio padrão estão voltando a acontecer. Além disso, os empreendimentos lançados no primeiro semestre do ano passado - portanto antes da crise - estão em fase de obras.

Segundo Carvalho, nos últimos três anos houve um aumento das grandes obras e de construções mais organizadas, reflexo da expansão das construtoras após a injeção de capital das ofertas públicas de ações (OPAs). A revenda através de atacadistas, distribuidores e varejistas saiu de 67,6% em 2006 para 59,4% no inicio deste ano. Por outro lado, a venda para concreteiras subiu de 12% para 18% e a comercialização a granel, para grandes obras, de 8% para 12%. "Isso mostra um consumo mais organizado, com maior produtividade, saindo do artesanal", observou Carvalho. Em obras menores, o cimento é usado em sacos e misturado com areia e água no próprio canteiro.