23/10/08 16h11

Apesar da crise, investimento estrangeiro é 2º maior da história

O Estado de S. Paulo - 23/10/2008

O agravamento da crise financeira não impediu que os investimentos estrangeiros no País continuassem crescendo. Os investimentos estrangeiros diretos (IED) somaram US$ 6,258 bilhões em setembro, o segundo maior volume da série histórica do Banco Central, iniciada em 1947. O valor é bastante superior ao registrado em igual mês do ano passado, quando o ingresso desse tipo de investimento somou US$ 1,537 bilhão. No mês passado, o Brasil recebeu US$ 6,258 bilhões em investimentos diretos, direcionados para empreendimentos produtivos. A melhor marca registrada até hoje ocorreu em janeiro de 2007, quando US$ 10,318 bilhões ingressaram em meio à onda de lançamento de ações no mercado acionário paulista. O resultado mais alto que o esperado, segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, foi gerado pelo ingresso de US$ 2,7 bilhões enviado por uma multinacional do setor de varejo. Ele observa que o IED sofre menos com a crise financeira internacional porque são investimentos de mais longo prazo. "Não houve interrupção desse fluxo porque esse dinheiro chega ao País com um olhar de longo prazo", disse. Ele afirma, no entanto, que é preciso ficar atento ao comportamento dos números para avaliar o real efeito da crise no ingresso de recursos. Para outubro, o BC espera ingresso de US$ 3,5 bilhões em IED. No acumulado de janeiro a setembro, o IED soma US$ 30,834 bilhões, contra US$ 27,982 bilhões de igual período do ano passado. No acumulado de 12 meses, encerrados em setembro, o ingresso de IED totaliza US$ 37,437 bilhões, o equivalente a 2,44% do PIB. Nos doze meses até setembro de 2007, o ingresso de IED somava US$ 34,828 bilhões, ou 2,79% do PIB. As remessas de lucros e dividendos de empresas do País para o exterior dobraram em setembro, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Elas somaram US$ 3,436 bilhões de acordo com os dados do BC, ante US$ 1,686 bilhão em 2007. No acumulado do ano, essa conta registrou saída líquida de US$ 27,5 bilhões ante US$ 14,983 bilhões de janeiro a setembro do ano passado. As despesas com juros em setembro somaram US$ 502 milhões ante US$ 428 milhões no mesmo mês de 2007. De janeiro a setembro, a conta de juros registra saída de US$ 5,491 bilhões ante US$ 6,271 bilhões em igual período do ano passado.