18/08/08 15h58

Apesar de defeitos, país atrai estrangeiro

Folha de S. Paulo – 18/08/2008

Elevada carga tributária, burocracia, infra-estrutura falha, incertezas quanto aos marcos regulatórios. Diferentemente do que se pensa, esses e outros problemas não afugentam as empresas estrangeiras que querem investir no Brasil. Pesando os prós e os contras, elas acabam concluindo que o país vale a pena. Essa é uma das conclusões que se pode tirar de pesquisa feita pela Análise Editorial com as 142 maiores empresas do mundo que ainda não atuam no Brasil e possuem planos de expansão no exterior nos próximos cinco anos. Entre as que consideram a América Latina como destino potencial para seus negócios, 53% pretendem vir para o país. Daquelas que não têm o Brasil como alvo, 85% apontam como motivo para excluírem-no da sua lista questões não relacionadas às dificuldades ou limitações da região. "O que interessa, para os investidores, é que o país remunera o capital nele colocado", afirma Eduardo Oinegue, diretor da editora. É justamente sobre essas boas perspectivas de retorno que Giovanni Sacchi, diretor do italiano ICE (Instituto para o Comércio Exterior), tem falado aos empresários do seu país. Convencidos, cerca de 30 vêm ao Brasil em outubro em busca de parceiros. "Eles atuam nas áreas de energias renováveis, biotecnologia e saúde e máquinas agrícolas", afirma Sacchi. "Para as grandes corporações, é fácil, as menores sempre demoram um pouco mais, precisam se sentirem seguras. A estabilidade econômica conquistada pelo Brasil nos últimos anos favorece definitivamente o processo, portanto." Às empresas de nações maduras como as européias só resta, atualmente, a expansão além-fronteiras para garantir contínuo crescimento de receitas. Entre os chamados países emergentes, o Brasil se destaca por uma organização institucional um pouco melhor, pela classe média mais sólida, pelos minérios e outros recursos naturais, pela capacidade de produção agrícola e pela posição estratégica no continente.