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Aporte privado nas pesquisas de algas para biocombustível

Valor Econômico - 19/05/2009

Cinco milhões de reais na mão e uma ideia inédita na cabeça. Assim a Algae Biotecnologia, mais nova empresa do Grupo Ecogeo, pretende investir em pesquisas com microalgas para produção de biocombustíveis no país. Formalizada no início do ano, a empresa sediada em São Paulo é a primeira do setor privado brasileiro a investir na produção de um combustível limpo a partir desses organismos - apenas a Petrobras e cientistas ligados a universidades fazem isso hoje. A diferença, neste caso, está no modo de produção.

Embora não revele detalhes até a aprovação da patente, prevista para os próximos meses, a Algae Biotecnologia está em conversação com duas usinas paulistas para desenvolver um projeto-piloto no qual os subprodutos do setor sucroalcooleiro são incorporados na produção do combustível. A ideia é aproveitar o que hoje é ainda largamente desconsiderado - águas residuais, vinhaça, palha, bagaço e o dióxido de carbono (CO2) emitidos na fermentação - e integrá-los no processo, resolvendo dois problemas de uma vez: o passivo ambiental da usina e um meio de cultivo economicamente viável.

Uma outra novidade é a utilização de um fotobiorreator - uma espécie de tubo transparente - para o cultivo das microalgas. Por ser um sistema fechado, ele aumenta a produtividade das algas já que diminui a taxa de contaminação. "Ele custa de duas a três vezes mais caro que sistemas abertos", como lagoas e tanques, diz Goldemberg, "mas é mais controlado".

Para levar adiante a pesquisa, a Algae Biotecnologia investirá R$ 5 milhões (US$ 2,38 milhões), sendo quase R$ 3 milhões (US$ 1,43 milhões) advindos do Fundo Tecnológico (Funtec) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um apoio não reembolsável, e o restante da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e de caixa próprio da empresa.

Hoje os trabalhos estão em fase laboritorial. Se tudo ocorrer como previsto, a Algae Biotecnologia terá uma planta-piloto operando, a partir do no ano que vem. A expectativa é de, em dois anos, fechar parceria com uma usina paulista.