26/11/09 11h14

Após a crise, setor da construção civil bate recorde de geração de empregos

Valor Econômico

O setor de construção civil, principal empregador de mão de obra no ano, acabou, em boa parte, servindo para manter constante a participação dos trabalhadores que ganham entre R$ 697 (US$ 405) e R$ 930 (US$ 540) no bolo salarial. Antes da crise, em outubro, esta faixa equivalia a 20,18% do total de vagas criadas, caindo, em fevereiro, a 16,71%. Em setembro, quando o setor gerou saldo líquido de 32.667 mil vagas, a participação desta faixa salarial bateu em 19,07%, praticamente recuperando a participação que tinha antes da deterioração econômica.

Segundo Fábio Romão, economista da LCA Consultores, a construção civil "sentiu o choque nos dois últimos meses do ano passado", recuperando, a partir de janeiro de 2009, os investimentos e, consequentemente, as contratações. "O setor deve bater recorde de postos de trabalho gerados, superando os 197,9 mil criados no ano passado", avalia Romão, que projeta 210 mil empregos ao todo neste ano - apenas até setembro, o saldo foi de 184,2 mil. Para Vitor Cunha, engenheiro de obras, a demanda por pedreiros e serventes extrapola a oferta, o que rebaixa as exigências. "Não podemos pedir muita experiência. Há muita obra e está faltando trabalhador", afirma.

O aquecimento do mercado de trabalho ocorre em todos os setores, após recuperação parcial no pós-crise, quando a indústria ainda permanecia em compasso de espera. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados na semana passada, apontam para geração elevada de empregos nos três setores, com serviços (52,3 mil) à frente, seguido pela indústria (50,1 mil) e comércio (46,1 mil), descontados os efeitos sazonais. Assim, a atividade econômica, antes concentrada no setor de serviços e no comércio, passou a equilibrar investimentos e contratações também na indústria no terceiro trimestre. O crescimento disseminado indica taxas mais elevadas em 2010, quando o PIB deve se expandir em 5%.

"Os dados de outubro mostram que estamos em outro estágio. As empresas, de todos os setores, já têm consciência que a demanda interna é firme e, com isso, aceleram a contratação", afirma Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios. Segundo ele, a recuperação da indústria deve ser comemorada, mas, ao mesmo tempo, relativizada. "Foi o setor que mais demitiu na crise e o que mais demorou para voltar. Então, é bom que esteja forte, mas tem muito ainda para crescer", explica o economista. Para ele, a recuperação da indústria aumentará a participação dos salários mais altos no mercado de trabalho.