22/10/12 12h15

Após dez anos sem lançamentos, SP ganhará 12 hotéis

O Estado de S. Paulo

Década de estagnação deve chegar ao fim com 3,5 mil novas acomodações

Após uma década de estagnação causada por crise de superoferta, o setor hoteleiro da cidade de São Paulo finalmente voltou a crescer. Doze hotéis serão lançados na capital paulista até o fim do próximo ano, segundo previsão do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP). O número representa 10% dos cerca de 120 hotéis de grande porte que operam hoje na metrópole.

A expectativa do mercado é de que esse número represente entre 2.500 e 3.500 novos quartos no mercado hoteleiro paulistano, voltado principalmente ao turismo de negócios - atualmente, existem na capital paulista cerca de 42 mil quartos. Essa quantidade estava praticamente estacionada desde o começo da década passada, quando a cidade viveu uma explosão de oferta causada pela construção desenfreada de flats e hotéis no fim dos anos 1990.

"Após a estabilização econômica resultante do Plano Real, houve uma explosão de lançamentos hoteleiros e de flats na capital. Como a demanda não acompanhou a oferta, o setor acabou entrando em crise", explica Ana Maria Biselli Aidar, diretora executiva do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB).

O fundo do poço ocorreu em 2003, quando a taxa média de ocupação dos quartos chegou a 26% - a média anterior à crise, que é considerada o teto para uma cidade de turismo de negócios, é de cerca de 70%.

Retorno. De lá para cá, o mercado foi se recuperando pouco a pouco. "No ano passado, finalmente chegamos a quase 70% de ocupação novamente, o que significa uma ocupação de quase 100% nos dias de semana. E o valor médio da diária também vem aumentando", comemora Caio Calfat, vice-presidente de Assuntos Turísticos e Imobiliários do Secovi-SP.

Os dois principais motivos para isso são o crescimento da economia brasileira verificado nos últimos anos e o aumento da demanda por reuniões de negócios e convenções em São Paulo.

O grande impeditivo para que a retomada seja ainda maior, segundo Calfat, é o alto preço dos terrenos na cidade. Há uma expectativa de que a nova onda de lançamentos deixe os eixos tradicionais de hotelaria - como o centro, a região da Avenida Paulista e a rota Faria Lima-Berrini - para áreas onde o preço ainda é mais em conta, como Barra Funda ou zona norte. "Existe espaço, sim, além dos bairros convencionais. O terreno mais barato ajuda a garantir a rentabilidade", diz Aidar.

Complexos multiuso vão concentrar novas vagas

Muitos hotéis serão construídos ao lado de shoppings e torres residenciais e comerciais

Os novos hotéis que estão sendo lançados em São Paulo seguem uma tendência. Eles fazem parte de complexos multiuso que englobam torres para hotel, escritórios e residências, além de shoppings, centro de exposição e outros serviços no mesmo local. "Temos visto um movimento nesse sentido", afirma Ana Maria Biselli Aidar, diretora executiva do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB).

Um exemplo é o LED, que está sendo lançado pela Odebrecht Realizações Imobiliárias na Avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda. Localizado em uma área que deverá ser um dos novos polos hoteleiros da cidade, o empreendimento deverá ser inaugurado em 2015 e terá uma torre de 168 apartamentos e outra multiuso, com 308 quartos de hotel, 460 salas comerciais e um street mall com 20 lojas. "Essa região está assumindo um perfil de serviços, que, junto das unidades comerciais do complexo, estimulam a demanda hoteleira", explica Paulo Adrian, diretor regional da incorporadora.

Outro empreendimento multiuso será lançado no antigo Hospital Umberto Primo, conhecido como Hospital Matarazzo, na Bela Vista. O complexo terá dois hotéis, shopping, um parque e centro cultural - ainda, porém, precisa ser aprovado pela Prefeitura. A previsão é de que o lançamento seja feito em 2013- a inauguração está prevista para quatro anos depois. De acordo com o grupo francês Allard, o prédio histórico de 1904 deverá ser um dos hotéis de luxo.

Recorde. A Odebrecht também será a responsável pela construção de outro conjunto multiuso, no Brooklin, zona sul. Batizado de Parque da Cidade, terá 595 mil metros quadrados de área construída e será o maior empreendimento de São Paulo segundo esse critério. Está prevista a construção de cinco torres corporativas, um prédio comercial e dois residenciais, shopping e hotel, além de espaço de lazer com restaurantes, bares, ciclovia e pista de cooper. A previsão é de que fique pronto em dez anos.

"Essa lógica de complexos de uso misto, com comercial, escritórios e residencial, a gente não vê só no nosso segmento. É uma tendência que já acontece na cidade há algum tempo, mas agora, com a volta de novos lançamentos de hotéis, chegou também ao setor hoteleiro", afirma Ana Maria Aidar, do FOHB.

Segundo a diretora executiva, esse tipo de conjunto é ainda mais atraente para o investidor em São Paulo por causa do seu perfil voltado ao turismo de negócios. "O executivo aproveita que o local da reunião já tem um hotel do lado. Tudo já fica no mesmo ambiente." Aidar diz acreditar também que é mais fácil convencer investidores a apostar em complexos como esses.