02/02/09 11h13

Aquisições da Vale após a crise visam ativos estratégicos

Valor Econômico - 02/02/2009

A aquisição dos ativos da Rio Tinto, fechada na madrugada de sexta-feira, mostra o novo caminho adotado pela Vale do Rio Doce para ir às compras em plena crise econômica global. A estratégia de aquisição da companhia para os tempos de vacas magras da mineração prioriza a compra de ativos de pequeno e médio porte que têm sinergias com os negócios atuais, ao invés de sair à caça de mineradoras robustas e caras, como a suiça Xstrata. Tanto que a mineradora brasileira não titubeou em desembolsar US$ 750 milhões pelo sistema de minério de ferro de Corumbá (MT) da anglo-australiana, incluindo a logística, e mais US$ 850 milhões por depósitos de potássio na Argentina e Canadá. Com US$ 15 bilhões em caixa para gastar, a Vale dispendeu a soma de US$ 1,9 bilhões em quatro ativos, após a deflagração da crise mundial, incluindo o negócio com a Rio Tinto. No final de novembro, adquiriu por US$ 10 milhões a PGT, uma empresa especializada em identificação de áreas de petróleo. Em meados de dezembro, pagou US$ 65 milhões por 50% de participação numa empresa de cobre a ser criada pela sul-africana African Rainbow Minerals Limited (ARM), que tem negócios no famoso "cinturão de cobre africano", metal que é um dos focos da Vale. Antes do Natal, a companhia firmou contrato para ficar com 100% dos ativos de exportação de carvão da Cementos Argos, na Colômbia, por US$ 300 milhões. Há 10 dias, anunciou negociações com a Woodside Energia Investimentos em Exploração de Petróleo para deter metade da participacao da empresa em consórcios da Bacia de Santos, visando explorar gás para consumo próprio. A mina da Rio Tinto, um ativo de classe mundial, é a céu aberto e fica em Mato Grosso do Sul. Os ativos de logística incluem barcaças e porto fluvial de San Nicolas, na Argentina. A mina possui reservas provadas e prováveis de 210 milhões de toneladas e recursos minerais de 583 milhões de toneladas, com 62,5% de teor. Os ativos de logística possibilitam ter 70% de auto-suficiência no transporte do produto através do rio Paraguai. Recentemente, a Vale fez uma encomenda de 32 barcaças a estaleiros nacionais, num investimento de US$ 122,3 milhões, que certamente serão para uso na sua nova empresa. A compra dos ativos de potássio mostra outro foco da Vale, além do minério, cobre e carvão, que é o negócio de fertilizantes, um nicho promissor, alinhado a estratégia de crescimento da companhia.