02/09/09 10h15

Área de infraestrutura já recebeu US$ 2,16 bilhões em recursos do FGTS

Valor Econômico

O Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) injetou cerca de R$ 4 bilhões (US$ 2,16 bilhões) em empresas brasileiras desde que entrou em operação, em julho do ano passado, até o fim do primeiro semestre deste ano. Os recursos chegaram às empresas principalmente por meio de financiamentos, com a compra de debêntures de emissão privada de vencimento de longo prazo e a custo baixo. Algumas empresas, como a siderúrgica Usiminas e a concessionária de rodovias CCR, receberam R$ 1,1 bilhão (US$ 594,6 milhões) em meio à crise financeira.

Mas não foi só, o fundo do FGTS também adquiriu cotas de fundos de investimentos ligados a concessionárias de energia e ainda comprou participação acionária direta em alguns casos. Outros R$ 7 bilhões (US$ 3,78 bilhões) foram para o caixa do BNDES.

O mapa dos investimentos do FI-FGTS era até agora limitado a divulgação, feita pela Caixa Econômica Federal (CEF) que administra o fundo, das áreas em que os recursos estavam sendo aplicados. Um dos motivos alegados pela CEF para não divulgar o nome das empresas beneficiadas seria em função de haver um compromisso de confiabilidade, já que a maior parte das empresas possuem ações cotadas em bolsas de valores.

Mas no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), onde o fundo presta contas, é possível ter acesso ao balanço detalhado dos investimentos. Só com a compra de debêntures, o FI-FGTS aplicou R$ 3,3 bilhões (US$ 1,78 bilhão) e a maior operação foi fechada com a concessionária Santo Antônio Energia que é a empresa que constrói a usina hidrelétrica de mesmo nome no Rio Madeira, em Rondônia. O projeto recebeu R$ 1,5 bilhão (US$ 810,8 milhões) e foi um dos poucos divulgados, em função da abertura feita pela própria empresa. O segundo maior aporte foi destinado à Usiminas, que recebeu R$ 600 milhões (US$ 324,3 milhões) com a emissão de uma debênture em 29 de dezembro, período do auge da crise financeira e da escassez do crédito.

Já a CCR recebeu os R$ 500 milhões (US$ 270,3 milhões) com o compromisso de investir em suas concessionárias num prazo de 18 meses. O diretor financeiro da CCR, Arthur Piotto, diz que a emissão foi feita em meio à crise para dar maior conforto de caixa à companhia. E as condições do financiamento eram também muito melhores do que as que o mercado oferecia no fim de dezembro do ano passado. A debênture da CCR tem prazo de vencimento em 10 anos e o juro fixado foi de 14,75%, que representava o CDI da época mais um prêmio de um ponto percentual.