08/02/10 10h46

Aumenta disputa por capital de risco em TI

Valor Econômico

Há muitos caminhos para crescer e a Navita não está sozinha na trilha escolhida por seus executivos. Especializada em sistemas para portais empresariais e aplicativos para celulares inteligentes, a companhia acaba de receber um aporte financeiro de R$ 2,5 milhões (US$ 1,35 milhões) do fundo Invest Tech. Com os recursos, pretende ampliar a participação no mercado externo e elevar o faturamento em 120% já neste ano. "Acelerar o processo de crescimento dessa forma só seria possível com aquisições ou aporte de capital", afirma Roberto Dariva, diretor-executivo da companhia. Para obter os recursos, a empresa teve de aprimorar a gestão e tornar-se uma sociedade anônima.

O caso ilustra o que vem ocorrendo com frequência cada vez maior no mercado brasileiro de tecnologia da informação (TI). O aumento do número de empresas no setor acirrou a disputa por recursos financeiros. Entre os fundos de investimento privados, é comum avaliar pelo menos cem empresas para cada aporte aprovado. A disputa por recursos públicos, como subvenções e financiamentos, não é mais concorrida. O nível de exigência dos investidores aumentou, mas a boa notícia é que as empresas elevaram o grau de qualidade dos seus projetos, segundo relato dos próprios investidores.

Em função da demanda crescente e da disponibilidade orçamentária, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) elevou neste ano os recursos para fundos de capital de risco focados em TI para R$ 200 milhões (US$ 108 milhões). No ano passado, foram executados R$ 60 milhões (US$ 30,5 milhões). As opções vão desde fundos voltados para empresas nascentes (capital semente) até aqueles destinados a empresas consolidadas, que buscam recursos para financiar a produção, fortalecer as áreas de vendas e marketing, ou abrir capital. Além do aporte direto, a instituição capta recursos para essas carteiras entre fundos de pensão e investidores institucionais.

A Finep ainda não publicou os editais para seleção de projetos neste ano, mas a busca por subvenção e financiamentos em 2009 dão uma ideia de como será o processo, afirma André Nunes, chefe do departamento de tecnologia da informação e serviços da Finep. No ano passado, o número de pedidos de financiamento (a juros subsidiados) feitos por empresas de TI aumentou seis vezes em relação a 2008. Pelo menos 30% dos pedidos foram feitos pela primeira vez em 2009. A procura por recursos a juros não é a primeira opção das companhias. Elas começam pela subvenção (recursos a fundo perdido) e pela parceria com fundos.

A evolução dos pedidos de subvenção também impressiona. A Finep recebeu 1.079 propostas de empresas de TI. No ano anterior, foram avaliados 308 pedidos sob a mesma metodologia. Os recursos disponíveis são de R$ 80 milhões (US$ 43,2 milhões) por ano, mas os pedidos em 2009 somaram R$ 2,28 bilhões (US$ 1,16 bilhão).