02/08/09 11h38

Bagaço pode virar gás e depois álcool

O Estado de S. Paulo

A transformação de caldo em etanol aproveita somente um terço do potencial energético da cana-de-açúcar. Os outros dois terços estão no bagaço e na palha. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) está criando, com um grupo de empresas, um projeto para desenvolver uma técnica de gaseificação de biomassa, que permitiria transformar esse material que hoje não é utilizado em vários produtos, como gasolina, diesel, metanol, etanol e fertilizantes. "Fechamos um acordo com quatro grandes indústrias químicas do Brasil, definindo o modelo de fomento e de propriedade industrial", disse João Fernandes Gomes de Oliveira, diretor-presidente do IPT. "Distribuímos o memorando de entendimento, que deve ser assinado até o fim do mês." A planta piloto de gaseificação será instalada em Piracicaba (SP), em parceria com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC).

O centro de gaseificação de biomassa de Piracicaba deve ficar pronto no fim de 2010. A ideia é que a pesquisa dure três anos, com o objetivo de chegar ao término desse período com o domínio de uma técnica que tenha viabilidade comercial. O IPT está submetendo o projeto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para levantar de R$ 50 milhões (US$ 26,3 milhões) a R$ 60 milhões (US$ 31,6 milhões) para a pesquisa.

"Se a gaseificação servisse só para produzir etanol, não iria compensar, pois a tecnologia que temos hoje é bastante eficiente", avaliou Alfred Szwarc, consultor da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). "Com os outros produtos, começa a ficar interessante." A gaseificação é uma das alternativas tecnológicas para se chegar ao chamado etanol de segunda geração, criado a partir da celulose. O centro de gaseificação em Piracicaba faz parte de uma nova estratégia do instituto de reunir empresas em grandes projetos de pesquisa, que dificilmente seriam financiados por somente uma companhia.