22/08/08 13h58

Balbo vende álcool orgânico para a L'Oréal

Valor Econômico – 22/08/2008

O Grupo Balbo, maior produtor de cana orgânica do país, vai exportar álcool orgânico para a multinacional francesa L'Oréal. A matéria-prima será destinada à produção de cosméticos e perfumes da companhia. Os Balbo são fornecedores desse mesmo tipo de matéria-prima para a Natura. O aumento da demanda internacional por produtos orgânicos impulsiona os negócios da família Balbo. As indústrias de cosméticos, muitas vezes criticadas pelos seus métodos de produção polêmicos, como a realização de testes em animais, estão adotando a cana "verde" como passaporte para a sustentabilidade. "Muitas empresas de cosméticos estão interessadas nesse tipo de matéria-prima porque querem ter sua imagem atrelada à sustentabilidade", disse Leontino Balbo Júnior, diretor-comercial do grupo. Para a Natura, o grupo fornece 6 milhões de litros de álcool neutro por ano. Com a entrada da L'Oréal, a produção de álcool neutro terá de ser, no mínimo, sextuplicada. Com isso, o grupo vai investir num equipamento chamado planta de retificação, utilizado para tornar o álcool mais puro. Com faturamento em torno de R$ 300 milhões (US$ 191,1 milhões) na safra 2007/08, o grupo Balbo tem duas usinas de açúcar e álcool em São Paulo e participação de 70% em outra unidade em Minas Gerais. A usina de São Francisco, em Sertãozinho (SP), trabalha com 100% de cana orgânica. A Santo Antônio, instalada na mesma cidade, está em fase final de conversão para o mesmo método. Já a unidade de Minas ainda está em transição para esse tipo de cultivo. "Temos um programa para integrar os nossos 300 fornecedores (de cana) na filosofia de orgânico", disse. O grupo trabalha com 50% de cana própria. A companhia produz em torno de 75 mil toneladas de açúcar por safra, dos quais 80% são do tipo orgânico, e 160 milhões de litros de álcool. Até a safra atual, a 2008/09, 5% do total foi orgânico, mas passará para mais de 20%. Há 20 anos como produtor de cana "verde", o grupo encomendou estudos à Unicamp para validar o seu modelo de produção. O inventário de carbono feito pela Unicamp indicou que a usina São Francisco emite 35% menos gases de efeito estufa do que uma planta convencional, após analisar os canaviais entre maio de 2006 e junho de 2007, a produção agrícola, o consumo de insumos e a industrialização. Essa avaliação resultou no selo Carbono Neutro, que tem como base o Protocolo GHG, modelo internacional de quantificação das emissões.