13/01/10 10h38

Bancos se capitalizam para emprestar mais

Folha de S. Paulo

O setor bancário brasileiro prepara uma rodada geral de capitalização, de olho no aumento das operações de crédito -em torno de 25% ao ano em 2010 e 2011- e no crescimento da demanda por financiamentos de obras de infraestrutura. Tanto instituições públicas como privadas já se aproximam dos limites de concessão de crédito determinados pelo Banco Central. Para elevar o ritmo dos empréstimos e não perder negócios, a maioria terá de reforçar o patrimônio, especialmente, a partir de 2011. Para isso, terão de buscar dinheiro novo de seus acionistas e do mercado de capitais, como já aconteceu com o Santander Brasil, em outubro, com a oferta de ações na Bolsa.

O maior problema de capitalização é dos bancos públicos, que atuaram de forma agressiva para minimizar os efeitos da crise no ano passado e consumiram boa parte da margem para operar. Controlados pelo governo federal, esses bancos dependem de aportes do Tesouro Nacional. A solução tem que ser definida neste ano, último da gestão do presidente Lula, para evitar que instituições como Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal tenham sua atuação limitada.

Entre os bancos privados, o movimento também já começou. Santander e HSBC já reforçaram o caixa e ampliaram a estrutura de capital para poder emprestar mais já em 2010. O HSBC obteve R$ 1 bilhão (US$ 581,4 milhões) da matriz britânica para manter uma expansão de pelo menos 20% na carteira de crédito neste ano. O Santander levantou R$ 13,2 bilhões (US$ 7,67 bilhões) na Bolsa em outubro e tornou-se o banco mais capitalizado do país.

Segundo Pedro Paulo Longuini, vice-presidente corporativo do Santander Brasil, com esse dinheiro o banco tem folga para conceder mais R$ 100 bilhões (US$ 58,1 bilhões) em novos empréstimos nos próximos três anos. No caso do Bradesco, o aumento recente de capital de R$ 2 bilhões (US$ 1,16 bilhão) consumiu recursos já separados como reserva de lucro, tendo impacto apenas contábil. Com isso, não elevou sua capacidade de empréstimo. Mesmo assim, o banco terá de pensar no assunto ainda em 2010, segundo analistas.