09/11/10 10h00

Bañuelos amplia atuação no país com nova incorporadora

Valor Econômico

Ele vive entre China, Inglaterra, Espanha e Brasil, mas foi aqui que escolheu para reviver suas origens. Alguns bilhões a mais na conta, um tanto de polêmica no currículo - amenizada por um capítulo breve e aparentemente bem-sucedido no mercado imobiliário - o espanhol Enrique Bañuelos volta ao cenário da construção civil brasileira. Não mais no papel de consolidador e comprador de empresas com problemas, mas como dono do próprio negócio. Está criando a Veremonte Real Estate, braço da holding Veremonte.

Depois das ousadas investidas que fez no setor imobiliário, que acabaram por lhe garantir o papel de maior acionista individual da maior incorporadora do pais, a PDG Realty - Bañuelos agora aproveita o bom momento para criar uma empresa que irá atuar nas áreas hoteleira, comercial, industrial e de armazéns logísticos. Capitalizado, o bilionário investiu R$ 200 milhões (US$ 117,6 milhões) na operação, entre a compra de terrenos e projetos, e tem previsão de investir mais R$ 1 bilhão (US$ 588,2 milhões) até 2012 - o que deve gerar R$ 3 bilhões (US$ 1,8 bilhão) de VGV. Até 2015, pretende chegar a R$ 10 bilhões (US$ 5,9 bilhões).

Como é a marca de Bañuelos, não há modéstia nas projeções. Apenas duas empresas - entre 17 de capital aberto - devem chegar perto de R$ 10 bilhões (US$ 5,9 bilhões) em 2015. A própria PDG Realty e a Cyrela. Na faixa dos R$ 3 bilhões (US$ 1,8 bilhão) em vendas em 2012 ou acima disso, há um grupo maior, de cerca de seis empresas abertas, mas todas elas com um histórico mais longevo, além de capitalizadas por recentes ofertas em bolsa. Vai aproveitar a influência e os contatos que possui em outros negócios para arregimentar investidores para os fundos que irá criar. "Ainda tem dinheiro de fora que não veio para o Brasil", diz Luis Fernando Davantel que irá comandar o operação.

Na área hoteleira, já tem contrato assinado com a Accor, desde o fim de 2009. Serão os responsáveis por 17 hotéis em 11 capitais (Ibis e Fórmula I ). Serão pelo menos quatro em São Paulo e dois no Rio. Segundo Davantel, serão investidos R$ 500 milhões (US$ 294,1 milhões) nos próximos dois anos. "Iremos estruturar um fundo imobiliário só com os hotéis", diz Davantel. "Dois dos maiores fundos dedicados exclusivamente a hotéis não estão no Brasil."

Nas área de galpões industriais, a empresa investirá em áreas para vários ocupantes e para uma única empresa, no modelo de "build to suit" (com contratos longos e sob encomenda). A Veremonte tem 1,5 milhão de m2 no quilômetro 40 da Castelo Branco, com potencial de locação de até 600 mil m2. Apenas essa operação vai exigir investimento de R$ 500 milhões (US$ 294,1 milhões). Além dos galpões, pretende desenvolver pequenos centros comerciais e escritórios mais acessíveis, para empresas de call center, por exemplo. "Já temos parceiros que viriam para 40 endereços desse tipo no Brasil", diz. A empresa comprou da Brookfield, por R$ 100 milhões (US$ 58,8 milhões), a antiga sede da BCN em Alphaville, uma área de 80 mil m2, que pode chegar a 720 mil m2 de área construída. Segundo Davantel, será um produto de 10 a 15 anos de desenvolvimento.