04/02/09 10h31

Basf busca parceria para expandir pesquisas no setor sucroalcooleiro

Valor Econômico - 04/02/2009

"Os últimos serão os primeiros". Foi usando o ditado brasileiro que o vice-presidente de Produtos para a Agricultura para a América Latina da Basf definiu a estratégia da empresa na área de biotecnologia. Walter Dissinger refere-se ao retorno da múlti alemã às pesquisas com um dos mais cortejados produtos agrícolas no momento: a cana-de-açúcar. "Estamos estudando parceiros", afirmou Dissinger ao Valor. "Devemos ter uma definição até o fim do ano". A Basf, assim, dá continuidade ao processo de expansão do setor de sementes e defensivos para pesquisas com cana, iniciado em 2008. Em novembro, a gigante americana Monsanto adquiriu as empresas CanaVialis e Alellyx, da Votorantim Novos Negócios, voltadas para o melhoramento genético e biotecnologia com a cana. Parceria, como sempre, é a palavra-chave. Por isso, a Basf quer repetir o modelo considerado de sucesso com a Embrapa, que resultou em uma variedade de soja tolerante aos herbicidas do grupo químico das imidazolinonas. A nova variedade aguarda aprovação para comercialização da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), e a expectativa da empresa é que ela chegue ao mercado em 2011. No caso da cana, a divisão de trabalhos será a mesma. A Basf entrará com o gene e a parceira escolhida com o desenvolvimento da cana geneticamente modificada. Grosso modo, o que os cientistas fazem é escolher alguns desses genes e inseri-los na cana, até que se encontre aquele que melhor responda ao aprimoramento desejado - elevar a produtividade. Em 1998, a múlti criou um braço específico para as pesquisas genéticas, o Basf Plant Science, com sede na Alemanha e escritórios nos EUA, Canadá e Bélgica. A área figura também entre os cinco "clusters" de inovação do grupo mundial, lado-a-lado com a nanotecnologia, o gerenciamento de energia, a biotecnologia branca (industrial) e a substituição de matérias-primas. Entre 1998 e 2008, quase 1 bilhão de euros foi investido em pesquisas genéticas. A previsão de aporte futuro será divulgada em algumas semanas, após a empresa apresentar o balanço de 2008. No exterior, a múlti tem entre seus parceiros a Monsanto, com a qual desenvolve variedades com maior produtividade e tolerância hídrica de milho, soja, algodão, canola e trigo. A expectativa é que o primeiro produto esteja disponível em 2015. As empresas injetarão, juntas, US$ 1,5 bilhão. A biotecnologia vegetal representa hoje 23% de todo o investimento em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da Basf mundial.