10/10/08 14h52

Beleza Natural em São Paulo

Gazeta Mercantil – 10/10/2008

Existem empresas que se diferenciam pela trajetória. Outras pelo produto. Por fim, há aquelas se destacam pelas metas que se colocam. No caso da rede de cabeleireiros Beleza Natural o diferencial se dá por todas essas razões. Seu início em 1993 ocorreu no bairro da Tijuca numa sala de 30 m2 atendendo à população do subúrbio do Rio de Janeiro. Aliada à adoção de um público-alvo até então relegado pela maioria dos salões tradicionais, a Beleza Natural inovou, ainda, ao lançar uma fórmula própria, garantindo aos cabelos crespos a possibilidade de um caimento natural e a formação de cachos. A combinação de tantos fatores garantiu à empresa resultados surpreendentes. Hoje, 15 anos mais tarde, a rede atende a 70 mil pessoas por mês, faturou R$ 50 milhões (US$ 25,9 milhões) em 2007 e caminha para faturar R$ 63 milhões (US$ 28,6 milhões) este ano. O carro-chefe da casa - um tratamento capilar super relaxante - dá aos fios crespos um caimento macio e encaracolado, ao custo de R$ 60 (US$ 27,3). A estratégia da empresa prevê que, ao final do tratamento, as consumidoras sejam aconselhadas a comprarem um kit para dar continuidade aos efeitos obtidos no cabeleireiro. Isto permite à lojinha de cada salão da Beleza Natural garantir 32% do faturamento do negócio na comercialização de 125 toneladas mensais com produtos de marcas e fabricação própria. O sucesso, aliás, permite aos sócios fundadores e ao novo diretor-geral, Anthony Talbot, na casa há seis meses, contar com um plano de negócios que prevê expandir a rede para 52 salões até 2013. Segundo ele, não falta demanda. E a partir de 2009, outros estados serão alvo da expansão, a começar pelas praças de Salvador (2009) e Minas Gerais e São Paulo, no ano seguinte. O apelo da Beleza Natural, garante o executivo, está na perseguição da empresa pelo "encantamento" do cliente. Isso é possível com o tipo de atendimento oferecido. A equipe de 950 funcionários é treinada regularmente. O ambiente funcional e bem decorado dos salões - que variam de 650 m2 a mais de 1.000 m2 a unidade - também contribui. E, por tratar-se de uma empresa de serviços, outra questão chave para o sucesso da rede passa pela satisfação das funcionárias com o seu trabalho. "Ao contrário de muitos salões no Rio de Janeiro, registramos todos os nossos colaboradores, da manicure à assistente, e criamos um clima interno que garante uma rotatividade mínima, na casa dos 2,5%", informa Talbot. Mas como financiar tamanha arrancada para os próximos anos? Talbot explica que, a cada loja, levanta um financiamento bancário de, no máximo 36 meses. "As parcelas são abatidas mensalmente e fazem parte do nosso fluxo de caixa, pois cada unidade tem que se pagar", explica. Isso é possível, pois, segundo o executivo, as lojas dão lucro já no primeiro mês de operação. O retorno do investimento, por sua vez, chega no 14.º mês. São resultados como esses que animam a direção a estudar a possibilidade de investimentos via private equity. "Mas sem abrir mão do controle acionário", ressalta o executivo. Para ele, o grande desafio atual é diminuir as filas de espera nos salões, principalmente nos finais de semana. Talbot admite que esse é um ótimo problema para resolver!