15/08/12 14h05

BID ganha sala na Fiesp e fica mais próximo do setor privado

Valor Econômico

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) lança hoje uma parceria inédita com o setor privado na América Latina para divulgar os seus produtos de financiamento e capacitação de empresas para que elas melhorem sua competitividade. Pela primeira vez, a entidade cria um canal direto com o setor empresarial. A partir desta quarta-feira, um funcionário do BID terá uma sala na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) com o objetivo de apresentar ao empresariado o leque de produtos e serviços desenvolvidos pela entidade e canalizar as demandas por empréstimos que o banco está apto a fazer no país. Atualmente, 6% dos financiamentos da instituição são concedidos ao setor privado.
 
Segundo Steven Puig, vice-presidente de setor privado e operações sem garantia soberana do BID, cerca de US$ 1 bilhão por ano para financiamentos e projetos estão aprovados no país até 2015. O Brasil responde por 30% da carteira do banco, sendo o principal país de destino dos recursos garantidos pelo BID. Além de orientar empresas na obtenção dos financiamentos concedidos pela instituição, caberá ao funcionário alocado na Fiesp apresentar os produtos disponibilizados pelo banco, entre eles um sistema que determina o clima de investimentos e orienta negócios brasileiros nos demais países latino-americanos. Hoje, o BID tem apenas uma representação oficial no país, em Brasília.
 
Os acordos firmados pelo BID normalmente são fechados com câmaras de comércio e associações de empresas. Puig conta que, desde 2007, mais de US$ 6 bilhões em financiamento foram aprovados para o setor privado na América Latina e outros US$ 3 bilhões anuais devem sair nos próximos três anos. "Queremos prover linhas de crédito, inclusive para instituições financeiras que façam esse crédito chegar às pequenas e médias empresas", diz Puig. O executivo do banco ressalta que o banco também busca projetos de grande porte, como do porto de Santos e do Rodoanel, em São Paulo, que envolveram mais de US$ 2 bilhões por meio do BID.
 
A atenção do BID, a partir de sua presença na Fiesp, é buscar projetos ligados à infraestrutura e ao desenvolvimento de energia limpa, segundo o executivo. "Enfatizamos portos, aeroportos e energia renovável. Já financiamos um projeto de energia eólica no Ceará e queremos financiar demais empresas que fabricam componentes para esses projetos", afirma Puig.
 
O primeiro programa de apoio ao desenvolvimento e capacitação empresarial do BID no Brasil será lançado em setembro, de acordo com o banco, em Fortaleza, Campina Grande e no Recife. Trata-se do Finpyme Diagnostics, cujo objetivo é ajudar pequenas e médias empresas a ter acesso a financiamentos de médio e longo prazo e mapear a sua organização interna para ajudá-las a ganhar competitividade por meio de consultoria para reduzir os gastos na produção, como em energia. O banco espera atender 120 empresas em 12 meses nas três cidades.
 
Puig conta que, no Recife, o BID se reuniu a uma associação de empreendedores do setor têxtil para dar capacitação ao negócio. "Além de facilitarmos o seu acesso a financiamentos, fizemos o treinamento da mão de obra em atividades relacionadas à manufatura. Isso permite que eles se tornem mais competitivos", diz. Esse tipo de consultoria especializada também fará parte do portfólio que o BID busca disseminar no Brasil a partir desse contato mais perene com empresários na Fiesp.
 
Caberá ao interlocutor regional do BID na Fiesp difundir entre os empresários produtos como o Intrade, no qual o banco investiu mais de US$ 10 milhões na última década. Entre as principais funcionalidades desse produto está a possibilidade de calcular o preço de uma mercadoria brasileira ao chegar a cada país latino-americano, prospectando o mercado mais promissor para aquele negócio. "O Intrade sintetiza todas as categorias de comércio internacional e os acordos que cada país na América Latina tem firmado. Isso ajuda o fabricante a 'navegar' entre os possíveis parceiros comerciais e a minimizar o seu preço para ganhar competitividade. Precisamos divulgar esse produto. É aí que a Fiesp entra", explica o vice-presidente de setor privado do BID.