15/12/09 10h58

Biodiesel alavanca faturamento da Granol

Valor Econômico

Tradicional processadora de grãos de capital nacional que enfrentou sérios problemas financeiros no início desta década, a paulista Granol encontrou no crescente mercado brasileiro de biodiesel uma oportunidade para deixar as agruras para trás e praticamente triplicar de tamanho. A empresa se destacou como a maior fornecedora de biodiesel para o programa governamental de disseminação do uso do combustível misturado ao diesel no país em 2008. A posição deve ser mantida em 2009, e a estratégia para defender esta liderança em 2010, quando a concorrência deverá aumentar, já está definida.

No 16º leilão de compra de biodiesel da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 17 de novembro, a Granol foi mais uma vez a vencedora. Ofertou 80 milhões de litros diante de um preço de referência de R$ 2,35 (US$ 1,37) por litro e preço médio ponderado de R$ 2,33 (US$ 1,35) (deságio médio de 1%) e fincou as bases para avançar no mercado no ano que vem, quando estreia a mistura de 5% de biodiesel no diesel (B5).

Mesmo com a crise e seus efeitos no processamento de grãos e na exportação de derivados em geral, Paula Regina Ferreira, diretora financeira da Granol, antecipa que o faturamento total voltará a aumentar em real em 2009, como acontece desde 2005. Números preliminares indicam que a receita alcançará R$ 1,717 bilhão (US$ 998,3 milhões), 2,1% mais que em 2008.

A companhia estreou na área com o arrendamento de uma unidade de oleoquímicos em Campinas (SP), em 2006. Depois investiu R$ 150 milhões (US$ 87,2 milhões) em duas plantas - em Anápolis (GO) e Cachoeira do Sul (RS) -, onde já estavam instalados dois de seus cinco complexos industriais. Tem pronto um projeto para uma terceira planta em São Paulo, que depende da evolução das vendas e de questões tributárias como a incidência de ICMS no transporte interestadual, que tira competitividade da operação. "O biodiesel ainda não é economicamente viável sem o programa do governo, mas o mercado está se consolidando e já há uma matriz considerável no país", diz Paula Ferreira.

Com o avanço, o biodiesel deverá representar 37% do faturamento da empresa em 2009, segundo os dados preliminares fornecidos pela diretora. Óleos para alimentação humana e fins industriais deverão responder por 14%, enquanto o farelo de soja, destinado sobretudo à produção de rações, ainda abocanhará uma fatia de 45% das vendas totais. "Outros" negócios completam os 100%.

Com o biodiesel, a participação do mercado interno na receita total deverá alcançar 66%, ficando as exportações com os 34% restantes. "Apesar do biodiesel, nosso 'core business' continua sendo o esmagamento de sementes e oleaginosas", afirma Paula. A Granol tem capacidade anual para esmagar 1,9 milhão de toneladas de grãos e refinar 250 mil toneladas de óleo bruto. A empresa tem 1,3 mil funcionários e 8 mil clientes ativos.