11/02/10 10h50

Biolab e Merz formam joint venture para concorrer com Botox

Valor Econômico

O laboratório nacional Biolab e a farmacêutica alemã Merz formaram uma joint venture para atuar na área estética no Brasil. O principal carro-chefe da nova empresa será o Xeonin, toxina botulínica para concorrer no país com o Botox, produzido pela americana Allergan e o Dysport, da francesa Ipsen. A concorrência neste segmento faz todo o sentido. O Brasil é o segundo maior consumidor mundial de toxina botulínica, atrás dos Estados Unidos, em um mercado que deve movimentar no país cerca de R$ 250 milhões (US$ 135,1 milhões) este ano.

Da associação das duas empresas foi criada a Merz Biolab Farmacêutica, que receberá um aporte de € 20 milhões este ano para montar sua estrutura no país. A companhia alemã será a controladora, com 61% do negócio, e a nacional ficará com os 39% restantes. "O Xeonin faz parte da nova geração de toxinas botulínicas e representa uma evolução no processo de purificação do produto, uma vez que não precisa ser refrigerado", disse ao Valor o presidente da Biolab, Cleiton de Castro Marques. Segundo o empresário, a empresa já possui autorização da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) para uso terapêutico do Xeonin. "Estamos aguardando a autorização para o uso estético", disse. A expectativa é de que a autorização ocorra entre o fim deste ano e início de 2011. A matéria-prima será importada da matriz da Merz.

A toxina botulínica é utilizada em larga escala por especialidades médicas como oftalmologia e neurologia para o tratamentos de doenças como estrabismo, espasticidade, torcicolos e blefarospasmos. Há mais de 10 anos o produto passou a ser aplicado por dermatologistas e cirurgiões plásticos em procedimentos estéticos para atenuar rugas da face, um mercado em franca expansão no Brasil. A empresa vai disputar o mercado premium. "Entramos para ampliar esse mercado e disputar com um produto de qualidade", afirmou Marques. No ano passado, a francesa Ipsen passou a ter uma atuação direta no país também para disputar esse mercado.

A parceria entre a Merz e a Biolab é antiga. O laboratório nacional licencia há pelo menos 10 anos quatro produtos da companhia alemã. Com três fábricas no país, instaladas na Grande São Paulo, e faturamento de R$ 540 milhões (US$ 274 milhões) em 2009, a Biolab tem focado suas pesquisas com base na nanotecnologia. Em outubro do ano passado, a empresa colocou seu primeiro produto com este conceito no mercado - um protetor solar fator 100 para fins dermatológicos. Outros três produtos também com base na nanotecnologia serão lançados nos próximos meses. A empresa projeta crescimento de 13% para este, com receita estimada em R$ 610 milhões (US$ 329,7 milhões).