30/12/10 10h35

Biolab resiste a assédio e investirá em novos medicamentos em 2011

Valor Econômico

Em um ano marcado por movimento de consolidação, no qual farmacêuticas estrangeiras e nacionais disputaram palmo a palmo laboratórios interessados em se desfazer de seu controle, a brasileira Biolab escapou ilesa e garante que não pretende mudar de mãos. Pelo menos é o que afirma Cleiton de Castro Marques, presidente da companhia. Sem vocação para genéricos - segmento de medicamentos que virou o "queridinho" entre as multinacionais e grandes grupos nacionais - a farmacêutica brasileira está apostando em pesquisas próprias para expandir seu portfólio no país.

A meta para 2011 é crescer organicamente, seja por meio de parcerias para o desenvolvimento de novos medicamentos ou com pesquisas próprias para consolidar os produtos da Biolab no mercado. Segundo Marques, a farmacêutica quer expandir seus negócios por meio de lançamentos de produtos. Em 2011 serão 12 - dois sob licença e 10 deles frutos de desenvolvimento próprio. A primeira molécula da companhia - um antimicótico com atuação antibacteriana - deverá ser apresentada em 2012. "Temos 32 moléculas em pesquisa", diz.

Com faturamento estimado em R$ 615 milhões (US$ 361,8 milhões) ao longo de 2010, a perspectiva é de que a receita alcance R$ 700 milhões (US$ 411,8 milhões) no próximo ano, um crescimento projetado de 15%. A empresa, com duas fábricas na Grande São Paulo - Taboão da Serra e Jandira -, além de um centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em Itapecerica da Serra (SP), tem resistido ao constante assédio de grandes companhias, incluindo multinacionais, interessadas em ampliar ou mesmo fazer sua estreia no mercado brasileiro.

O foco da farmacêutica são medicamentos sob prescrição médica nas especialidades de cardiologia, que responde por 60% do total, ginecologia e dermatologia, sobretudo. A empresa está fazendo também suas apostas em dermocosméticos e nos segmentos de ortopedia e reumatologia, com medicamentos anti-inflamatórios. "Nosso foco é em inovação. Não temos interesse em disputar o mercado de genéricos", diz Marques. A companhia investe cerca de 7% de seu faturamento anual em P&D. Neste ano, a companhia formou uma joint venture com a alemã Merz para atuar na área estética no Brasil. O principal produto desenvolvido pelas duas empresas será o Xeonim, toxina botulínica, para concorrer com o Botox, da americana Allergane o Dysport, da francesa Ipsen. Outras parcerias com empresas estrangeiras foram firmadas nos últimos anos para o desenvolvimento e comercialização de medicamentos.