02/07/18 15h59

BNDES abrirá linha de crédito em dólar para exportador

Valor Econômico

A área de comércio exterior do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai passar a oferecer crédito em dólar para financiar a produção de bens e equipamentos destinados à exportação. O pré-embarque em dólar terá prazo estendido - de até 48 meses contra os 30 meses atuais - e será uma alternativa à mesma linha em reais. O custo será de libor, a taxa interbancária do mercado londrino, mais a variação cambial e o spread do BNDES.

Leonardo Pereira, superintendente da área de comércio exterior do BNDES, disse que a linha de pré-embarque passará a ter prazo maior do que o banco oferece atualmente nessa mesma modalidade de financiamento, que apoia a produção do bem a ser exportado. Hoje a linha tem custo em reais e prazo entre 24 meses e 30 meses. A ideia é oferecer prazo de 36 meses a 48 meses.

O pré-embarque com prazo estendido em dólar ainda está em trâmite no banco, mas existe previsão de que possa estar disponível a partir de agosto. Nos últimos anos, o pré-embarque em reais perdeu a atratividade em termos de custo, porque o BNDES fez reduções nos spreads, mas o pré-embarque não acompanhou a revisão. Assim, o pré-embarque em reais ficou caro.

Agora o banco aposta que a mudança pode atrair demanda em um segmento da exportação. "A linha vai dar condição interessante [em termos de prazo e custo]", disse Pereira. O financiamento em dólar, com prazo de até 48 meses, pode ser interessante para o exportador de máquinas e equipamentos em operações de menor escala.

Na visão do BNDES, trata-se de um instrumento que pode ocupar um espaço de forma complementar aos mecanismos de mercado. O pré-embarque em dólar com prazo estendido é uma operação mais simples, por exemplo, do que o pré-pagamento de exportação e tem custo de transação menor. Tem ainda prazo mais longo do que operações de Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE).

Pereira afirmou que a linha de pré-embarque com as novas condições vai permitir ao exportador contratar a operação por até 48 meses, para financiar a produção do bem a ser exportado, e, ao mesmo tempo, a empresa poderá dar prazo inferior, de seis meses, por exemplo, para pagamento pelo importador. A partir de 2016, a linha de pré-embarque em reais do BNDES registrou baixa demanda.

Em 2018, a área de comércio exterior do BNDES deve desembolsar entre US$ 1,5 bilhão e US$ 1,8 bilhão, previu Pereira. Do total a ser desembolsado este ano, cerca de US$ 1,1 bilhão corresponde ao apoio para a área de pós-embarque, que financia a comercialização dos bens a serem exportados. A diferença, entre US$ 400 milhões e US$ 700 milhões, refere-se à área de pré-embarque.

Do total a ser desembolsado na linha de pós-embarque, 80% são para financiar aeronaves da Embraer. Este ano, o banco financiou importadores das novas famílias de aeronaves da Embraer na Bielorrússia e Noruega. Em 2018, serão cerca de 150 a 170 operações de pós-embarque no BNDES para apoiar a venda de bens de capital e aeronaves. Essas operações devem totalizar até US$ 1,2 bilhão em aprovações de financiamento. A área de exportação participa nos desembolsos totais do banco com fatia entre 4% e 10%. Este ano, a participação ficará próxima de 8%.