03/02/09 11h09

BNDES amplia peso no total de investimentos do país

Folha de S. Paulo - 03/02/2009

Principal instrumento do governo para combater os efeitos da crise, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) já representa quase 14% do total de investimentos no país. No ano passado, emprestou quase o triplo do total de operações contratadas no Bird (Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento), que, com a AID (Associação Internacional de Desenvolvimento), compõe o Banco Mundial. Em 2008, o BNDES liberou R$ 92,2 bilhões (cerca de US$ 40 bilhões). No ano fiscal de 2008, o Bird comprometeu um total de US$ 13,468 bilhões em 99 operações em 34 países, com desembolso bruto de US$ 10,5 bilhões. O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) emprestou US$ 7 bilhões. BNDES, Bird e BID são instituições de perfis diferentes, mas a comparação evidencia o quanto o banco brasileiro cresceu e indica o aumento da presença do Estado na economia. De 2005 a 2008, seu total de empréstimos praticamente duplicou. Com a injeção de recursos anunciada pelo governo, de R$ 100 bilhões (US$ 43.5 bilhões) para o período 2009-2010, a expectativa é que ele passe a concentrar ainda mais a demanda por crédito das empresas. O banco tem atuado até mesmo na oferta de crédito de curto prazo, o que historicamente não faz parte do seu perfil. Os desembolsos do banco já representam 13,9% do total de investimentos, considerando os dados de janeiro a setembro do ano passado. Em 2006, essa participação era de 9,6%. Tradicionalmente, o banco exerce um papel anticíclico -em momentos de incerteza aumenta a sua atuação. O próprio banco afirma que, num cenário de maior concentração da demanda no BNDES, poderá emprestar R$ 120,8 bilhões (US$ 52.5 bilhões) neste ano e R$ 136,2 bilhões (US$ 59.2 bilhões) em 2010. Críticos avaliam que o governo está assumindo uma posição de substituir o papel do setor privado e que é necessário pensar sobre o limite de captação de recursos do banco. Para João Carlos Ferraz, diretor de Planejamento do banco, a tendência é que o banco se estabilize em um patamar na faixa dos R$ 90 bilhões (US$ 39.1 bilhões) a R$ 100 bilhões (US$ 43.5 bilhões) em crédito.