10/11/10 11h40

BNDES deve fechar ano com US$ 85,9 bi em desembolsos

O Estado de S. Paulo

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, estimou ontem que o banco deverá fechar o ano com cerca de R$ 146 bilhões (US$ 85,9 bilhões) em desembolsos, patamar já atingido em outubro no acumulado dos doze meses anteriores. O resultado representará um novo recorde nos empréstimos concedidos pelo banco, que em 2009 foi de R$ 137,6 bilhões (US$ 69,8 bilhões). Contrariando o discurso de redução gradativa que tinha adotado desde o crescimento do banco após a crise, que aumentou em 49% as liberações em 2009, Coutinho disse que o BNDES deverá manter este patamar nos próximos anos. Segundo ele, a participação do banco no crédito total é que deve cair com a resposta aos incentivos que o governo prepara para o crédito privado de longo prazo. O BNDES responde por 21% do crédito total, o equivalente a 9,8% do Produto Interno Bruto (PIB).

"Daqui para frente a expectativa é que o BNDES continue oscilando desse número e que o setor privado faça diferença. O BNDES terá um patamar elevado (de desembolsos), mas abrindo espaço para o setor privado. Podemos reduzir dependendo da resposta do setor privado", afirmou. Entre janeiro e outubro deste ano, o banco emprestou R$ 116,1 bilhões (US$ 68,3 bilhões), 9% a mais do que no mesmo período de 2009. Sem contar o empréstimo de R$ 25 bilhões (US$ 12,7 bilhões) para a Petrobrás em 2009, a alta sobe para 43%. "Não adianta recuar sem criar condições para o setor privado ocupar este espaço. Senão, quem vai pagar é o investimento. O custo de capital ficaria muito alto e o investimento não acontece", disse Coutinho, confirmando que negocia com o Tesouro uma nova capitalização do banco.

A medida aumentaria o patrimônio de referência do banco, atualmente em cerca de R$ 58 bilhões (US$ 34,1 bilhões), que limita as operações do banco a 25% desse valor. Desde 2008, o Tesouro já emprestou R$ 180 bilhões (US$ 105,9 bilhões) ao BNDES. Os empréstimos, no entanto, reforçam o funding do banco para emprestar, mas não alteram o patrimônio. É considerada uma capitalização operações como a transferência de R$ 4,5 bilhões (US$ 2,6 bilhões) em ações da União para a Petrobrás, feita em agosto. Por causa dessa limitação, o governo publicou ontem medida provisória que permite ao Tesouro garantir o financiamento de R$ 20 bilhões (US$ 11,8 bilhões) do Trem de Alta Velocidade (TAV), anulando a exposição do banco ao risco. "É uma rede de segurança de última instância", disse Coutinho, alegando que a medida é uma forma de impedir o impacto de uma eventual inadimplência na capacidade de emprestar do banco. "Esse é o tipo de coisa que está sendo feita para não ser usada." O presidente do BNDES afirmou que esse tipo de seguro para os próximos projetos que o banco deve financiar "não diminuirá nem um milímetro o rigor do BNDES" para aprovar operações de crédito.