08/12/10 10h57

BNDES pretende continuar a emprestar US$ 85,9 bi por ano

O Estado de S. Paulo

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse ontem que os incentivos ao financiamento privado de longo prazo planejados pelo governo modificarão a composição dos desembolsos do banco em 2011, interrompendo o crescimento iniciado em 2008. No entanto, ele indicou que, após alta de 125% entre 2007 e 2010, a intenção é manter o banco no patamar dos R$ 146 bilhões (US$ 85,9 bilhões) que devem ser liberados este ano.

A mudança, explicou, seria um foco maior do BNDES nos projetos de infraestrutura, que demandam prazos mais longos, e de inovação, que têm risco mais alto. Para ele, boa parte do financiamento aos investimentos da indústria começará a ser absorvida pelo crédito privado de longo prazo, que o governo promete incentivar com medidas a serem anunciadas ainda este mês. "Estamos finalizando um conjunto de entendimentos com o Ministério da Fazenda para calibrar espaços onde o setor privado poderá ampliar a sua presença e o BNDES encolher um pouco. Na margem, o bolo do investimento está crescendo e o financiamento tem que ser absorvido por outras fontes privadas, de modo que a gente possa, mais ou menos, estabilizar o BNDES", disse Coutinho.

Os desembolsos do BNDES somaram R$ 140,9 bilhões (US$ 82,9 bilhões) entre janeiro e outubro. Desse total, 50% foram para a indústria e 29% para a infraestrutura. Parte da redução da participação da indústria nos financiamentos do banco poderia vir do fim do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que subsidia o crédito para a aquisição de bens de capital, previsto para março.

Coutinho indicou que o governo ainda não bateu o martelo sobre o fim do programa, criado para combater a queda do investimento na crise, em julho de 2009, e que já foi prorrogado três vezes. "É um programa muito valioso, então deveríamos ainda pensar", disse. Convidado para uma palestra sobre a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 e os gargalos de infraestrutura, Coutinho afirmou que os dois eventos são apenas "duas cerejas no bolo" de investimentos que o País precisa para sustentar um crescimento anual superior a 5% nos próximos cinco anos.

Segundo levantamento do BNDES, o investimento em infraestrutura crescerá 10% ao ano entre 2011 e 2014, somando R$ 378 bilhões (US$ 222,4 bilhões) no período. Acrescentando os investimentos em perspectiva em edificações e na indústria, sobretudo na de petróleo, o total chega a R$ 1,59 trilhão (US$ 935,3 bilhões). Coutinho afirmou que o País pode aproveitar "com moderação" o momento de alta liquidez mundial para se financiar com capital estrangeiro, mas também precisa aumentar a sua poupança interna.