16/02/10 10h59

BNDES prevê aporte de US$ 7,8 bi na petroquímica

O Estado de S. Paulo

A recente incorporação da Quattor pela Braskem cria uma petroquímica brasileira forte para competir no mercado internacional, mas também ajuda a proteger o mercado brasileiro da invasão de resinas do Oriente Médio. A avaliação foi feita pela chefe do Departamento de Indústria Química do BNDES, Cynthia Moreira, e pelo gerente do setor de petroquímica do banco, Gabriel Gomes.

Ao contrário das preocupações sobre a formação de um monopólio suscitadas pelo negócio, o BNDES comemora a consolidação do setor, para o qual projeta investimentos de pelo menos R$ 32 bilhões (US$ 17,8 bilhões) até 2013. Desse total, o banco se prepara para atender a uma demanda de financiamento da ordem de R$ 14 bilhões (US$ 7,8 bilhões).

Antes da definição da reestruturação da Braskem, os técnicos do BNDES viam com preocupação o cenário desenhado pela crise econômica global na petroquímica. A depressão do mercado em todo o mundo deixou sem destino a produção das novas petroquímicas projetadas pelos grandes produtores de petróleo do Oriente Médio para começar a operar este ano. Gomes avalia que isso poderia provocar uma enxurrada de resinas importadas a um custo menor, que ameaçaria a indústria petroquímica local.

Na avaliação do gerente do BNDES, há uma "reviravolta" em curso na petroquímica mundial, que está deixando o caráter regional para criar um grande mercado global, onde a nova Braskem tem mais condições de disputar espaço. Nesse sentido, Cynthia frisa que a incorporação da Quattor pela Braskem atende à visão do BNDES de que é preciso criar empresas globais brasileiras em vários setores, além de atingir um nível de consolidação na petroquímica desejado pelo banco desde o processo de privatização do setor.

"A posição do banco é que qualquer empresa tem de ser grande o bastante para competir no mercado internacional", disse. Para Cynthia, não há motivos para se preocupar com um monopólio, já que o mercado nacional é aberto e a concorrência com as importações limitarão o poder da Braskem de formar preço.