20/12/10 14h34

Bombril, agora para a pele e para o cabelo

O Estado de S. Paulo

Numa recente pesquisa qualitativa realizada com um grupo de consumidoras de São Paulo, elas elogiaram as qualidades do detergente Limpol. Mas, apesar de o produto ter estampados no rótulo o selo vermelho e até a foto do garoto-propaganda da Bombril - o ator Carlos Moreno -, essas consumidoras se mostraram surpresas quando souberam que o detergente era fabricado pela empresa que virou sinônimo de esponja de aço no Brasil. O episódio ilustra, ao mesmo tempo, o que representa um orgulho e uma frustração para a Bombril. Dona de uma marca apontada anualmente como a mais lembrada pelos brasileiros na categoria que a consagrou, a Bombril vem ampliando seu portfólio de produtos e ganhando mercado com esses artigos, mas não consegue, ainda, ser vista como uma empresa que abarca várias linhas de bens de consumo.

A grande e definitiva aposta para mudar essa imagem será feita no ano que está para começar. Em 2011, a Bombril quer se firmar como a empresa-referência em limpeza doméstica no Brasil, e ir além: vai investir em segmentos tão diversos como o de pet care, cera para automóveis e, em seu passo mais arrojado, no setor de higiene pessoal, passando a fabricar xampus, condicionadores e hidratantes, entre outros artigos. "Nossas pesquisas mostram que a Bombril tem uma imagem de qualidade indiscutível. Essa imagem é meio caminho andado para o lançamento de novos produtos", acredita Ronaldo Sampaio Ferreira, filho do fundador da empresa e atual presidente do conselho administrativo.

A família Sampaio Ferreira voltou à administração em 2006. Nos 20 anos anteriores, a morte do fundador, Roberto, resultou numa disputa entre seus três filhos e na posterior venda da empresa para a Cirio, do italiano Sergio Cragnotti - que, mais tarde, acabou envolvido em escândalos na operação Mãos Limpas, foi preso e ficou devendo US$ 20 milhões para a Bombril. A empresa ficou sob administração judicial até junho de 2006.

Ronaldo acredita que agora a má fase vai ficar de vez para trás. Apesar de ainda ter dívidas da ordem de R$ 300 milhões (US$ 176,5 milhões), a Bombril deve registrar faturamento de R$ 1,2 bilhão (US$ 705,9 milhões) em 2010. Este ano, estreou em segmentos nos quais ainda não atuava, como o de alvejante sem cloro (da linha Vantage) e o de cera para pisos, móveis e calçados (Q"Brilho). Investiu, ainda, R$ 7 milhões (US$ 4,1 milhões) numa linha de produtos ecológicos, a Ecobril, com 24 itens. "A empresa passou a ter no seu portfólio todos os produtos que se possa imaginar no que se refere a limpeza de residência. Só não fazemos vassoura", brinca Ronaldo.