21/09/10 14h57

Boom imobiliário estimula mercado de drywall no país

Valor Econômico – 21/09/10

A pressa das construtoras em entregar seus imóveis e a nova onda de apartamentos flexíveis - nos quais o morador escolhe o modelo da planta - está movimentando o segmento de drywall, as paredes de gesso. Com um consumo ainda muito baixo no Brasil quando comparado a outros países, e mais restrito ao alto padrão, os fabricantes procuram investir em novas tecnologias e aplicações, além da parceria com as construtoras para disseminar o uso do produto no Brasil. De qualquer forma, a resposta da demanda já reflete no aumento das vendas e até na ampliação da capacidade produtiva de algumas fábricas.

No país, são três multinacionais que atuam no setor e dividem o mercado com participações muito próximas, na casa de 30%: a francesa Lafarge, a alemã Knauf e a Placo, do também francês Saint Gobain. Uma quarta fabricante, de capital nacional e menor porte, a Trevo Drywall, opera em Juazeiro do Norte (CE) e não integra a associação do setor no país. Para este ano, a meta da indústria é fechar com aumento de 25% a 30% nas vendas.

A Lafarge, há 15 anos no mercado brasileiro, pretende crescer 15% este ano no país. Segundo Mário Castro, presidente da divisão de gesso da Lafarge, as construtoras já representam 25% das vendas e foi o canal que mais cresceu no ano passado, com um aumento de 40%. A empresa criou uma equipe de vendas própria para atender o segmento. A divisão de gesso tem um faturamento equivalente a 10% do grupo Lafarge, o que representa cerca de R$ 150 milhões (US$ 85,7 milhões) no Brasil este ano. A companhia francesa tem duas fábricas no Brasil, ambas localizadas em Pernambuco, nas cidades de Petrolina e Araripina.

A Placo, que também está há 15 anos no país, espera crescimento entre 15% e 20% este ano. A empresa, que já havia ampliado em 15% a capacidade produtiva de sua fábrica em Mogi das Cruzes (SP) no ano passado, vai atingir uma expansão de 50% este ano, chegando a 22 milhões de m2 de placas de gesso por ano. A empresa vai investir 35% do seu faturamento anual - que não revela - na ampliação. A Saint Gobain está reunindo várias áreas de materiais de construção, inclusive gesso, para desenvolver produtos mais baratos para imóveis populares.

Já a Knauf, última entre as multinacionais a chegar ao Brasil, começa a estudar planos de expansão, que podem ser executados em dois anos. Por enquanto, de acordo com o presidente da companhia alemã, o complexo industrial de Queimados (RJ), inaugurado em 1999, tem capacidade instalada para atender à demanda crescente - hoje, as linhas podem produzir 13 milhões de metros quadrados ao ano. Além disso, a Knauf tem concentrado cada vez mais suas vendas no mercado interno, uma vez que as exportações deixaram de ser interessantes sob as atuais condições de câmbio.

Além de ser uma construção mais rápida e limpa - sem a formação de entulhos e portanto, também, mais sustentável - a parede de gesso é mais fina e leve que a alvenaria convencional, o que diminui o gasto com estruturas e fundações. São justamente essas vantagens para as construtoras que fazem com que o produto ainda encontre uma certa resistência no mercado. Parede fina passa a impressão de isolamento acústico menor. Para mudar essa imagem, as empresas comemoram o fato de o drywall ter sido o primeiro sistema construtivo a atender as normas térmicas e acústicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), criadas este ano.

O mercado estima que o índice de adoção do sistema drywall no mercado imobiliário residencial esteja entre 10% e 15% em relação aos sistemas tradicionais de alvenaria, principalmente no médio e alto padrão. Se considerados também os projetos de baixa renda - onde o produto ainda é pouco usado - essa participação não passa de 5%. Já nos imóveis corporativos, as paredes de gesso representam 80% das divisórias internas.