08/03/10 11h00

Brasil disputa com a Índia a primeira fábrica da moksha8

Valor Econômico

O Brasil é um dos países cotados pela moksha8 para sediar o primeiro laboratório farmacêutico do grupo. Criada em 2008, a companhia deu importante passo em mercados emergentes com a venda de medicamentos mais maduros, como reflexo de sua parceria com as multinacionais Pfizer e Roche, e agora quer avançar em produtos de inovação. A construção de uma fábrica já fazia parte dos planos da companhia desde sua fundação. Mas a empresa preferiu ganhar musculatura em países emergentes, principal mercado de atuação do grupo, antes de tomar decisões mais ousadas. Agora, com as vendas consolidadas, a empresa farmacêutica planeja erguer seu primeiro laboratório a partir de 2012.

O Brasil era considerado a principal rota desse investimento, que poderá chegar a US$ 500 milhões, mas terá de disputar com a Índia, que oferece mão de obra especializada, explicou ao Valor Mario Grieco, CEO da companhia no Brasil e vice-presidente para América Latina. "Estamos trabalhando para que o Brasil seja o escolhido", disse. Grieco, que está à frente da companhia no Brasil desde o início de 2008, é formado em medicina e passou por grandes grupos, como a Monsanto e a farmacêutica Bristol Myers-Squibb.

Segundo o executivo, o laboratório está estruturado para ser de pequeno porte, voltado para medicamentos biológicos. No ano passado, a moksha8 registrou faturamento de US$ 200 milhões, dos quais US$ 80 milhões no Brasil. Desde que foi criada, a empresa realizou investimentos da ordem de US$ 100 milhões, sobretudo em promoção de marketing para a venda de medicamentos. A origem do nome da empresa vem do sânscrito e está relacionada com liberação, esclarecimento e liberdade. O número oito, além de representar o infinito, dá sorte.

A farmacêutica quer avançar nas áreas de artrite rematoide, dor/inflamação, cardiologia e quer se especializar em saúde feminina e pediatria, com a comercialização de vitaminas. A estratégia da empresa começou com a comercialização de medicamentos maduros da Pfizer, como Vibramicina e Unasyn, e da Roche, como Lexotan e Rivotril e Bactrim. "Apesar de consolidados no mercado, esses medicamentos têm grande apelo junto ao consumidor. O Bactrim, por exemplo, tem sido prescrito para pacientes com o vírus da Aids. O produto tem se mostrado mais resistente a certas infecções que outros", disse Grieco.

No ano passado, a empresa decidiu entrar no segmento de produtos de inovação. O Peramivir marca a estreia da companhia nessa área. Quando a Anvisa autorizar a comercialização do antiviral, a moksha8 deverá importar o produto da BioCryst para negociá-lo no Brasil. A aprovação da agência deverá sair em 12 meses, mas a companhia faz esforços para que o governo dê autorização para comercializá-lo em caráter emergencial, como já ocorre em alguns países.

A aposta da companhia nos mercados emergentes reflete o maior potencial de consumo nesses países. O Brasil, segundo Grieco, tem o maior potencial de crescimento comparado aos países latino-americanos. A empresa também tem um escritório de representação no México.