01/07/15 14h49

Brasil e EUA miram COP21

Após duas horas de reunião fechada com o presidente Barack Obama, Dilma anunciou que os dois países terão meta de 20% de ampliação das fontes renováveis na matriz energética, sem considerar hídrica, até 2030

Brasil Ecomônico

A presidenta Dilma Rousseff anunciou na tarde de ontem, ao lado do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na Casa Branca, em Washington, um acordo bilateral no qual os dois países se comprometem a assegurar na matriz energética a presença de fontes renováveis. Dilma afirmou que a decisão dela e do presidente dos Estados Unidos é uma forma de antecipar o acordo na cúpula climática da ONU (COP 21), que reunirá membros de 196 países em Paris, no mês de dezembro.

“A mudança do clima é um dos desafios centrais do século 21. Essa decisão tem muito a ver com as nossas perspectivas e a nossa participação em um acordo global de redução de emissões para que a gente consiga, de fato, concretizar esse acordo na COP 21. A segunda questão reflete a primeira: foi a decisão dos dois países de assumirem uma meta de 20% de ampliação das fontes renováveis na matriz de energia elétrica sem hídrica até o ano de 2030”, disse a presidenta, depois de uma reunião fechada com Obama que durou cerca de duas horas. Dilma observou que as medidas anunciadas produzirão efeito na redução das emissões de gases de efeito estufa e no compromisso governamental de redução da temperatura. Nesse sentido, a presidenta destacou a importância e a responsabilidade dos dois países pelo fato de ambos terem territórios continentais e afirmou que o Brasil tem metas para além da redução do desmatamento.

“Queremos chegar a desmatamento zero até 2030 — desmatamento ilegal zero até 2030. E também queremos virar a página e passarmos a ter uma política clara de reflorestamento. Isso é importantíssimo para o Brasil, tem a ver também com os nossos compromissos próprios que assumimos no Código Florestal. Considero que essa é uma área essencial para nós: colaborar, também, em eficiência energética”. Em relação ao acordo comercial entre os dois países, Dilma elegeu como agenda prioritária, no curto prazo, os temas da convergência regulatória e harmonização de normas técnicas e, em segundo, a facilitação do comércio — sistemas de janela única para simplificar e reduzir prazos de processos aduaneiros.

A presidenta manifestou a intenção de que os fluxos de investimentos diretos nos dois sentidos cresçam, “dado o potencial das nossas economias”. Os Estados Unidos são o principal investidor no Brasil, chegando em 2013 a um estoque de investimentos diretos de US$ 116 bilhões, segundo a presidenta. Ela comemorou os números sobre os investimentos diretos do Brasil naquele país, que cresceram 221% de 2007 a 2012, com estoque de US$ 15,7 bi em 2013.

“Esse é um dos objetivos do trabalho que temos tido de fortalecer, também, nossas políticas macroeconômicas, reduzindo os riscos para os investimentos brasileiros e estrangeiros no Brasil. Temos desenvolvido uma agenda microeconômica, diminuindo o risco regulatório, aumentando a transparência dos processos e a governança das relações das empresas com o governo”, disse ela.

Ao lado do presidente Barack Obama, Dilma anunciou que ambos concordaram em tomar medidas para que brasileiros e norte-americanos possam viajar entre os dois países sem vistos e para autorizar brasileiros a se candidatarem para a “Entrada Global” quando visitarem os Estados Unidos já a partir de 2016.

Na coletiva concedida após a declaração à imprensa com Obama, Dilma foi questionada se a viagem aos Estados Unidos é diferente da ocasião em que o Planalto cancelou a ida da presidenta àquele país, após as revelações de Edward Snowden de que o governo federal estava sendo espionado pela CIA. Dilma lembrou que o presidente norte-americano aproveitou diversas oportunidades para garantir que não haverá mais atos de intrusão em países amigos. “Ele me disse que quando quiser, e se fosse o caso de ele precisar de alguma informação não pública sobre o Brasil, ele me telefonaria”. À noite, Dilma embarcou para São Francisco, onde terá encontro com acadêmicos e representantes de empresas de tecnologia.