01/07/15 14h55

Brasil entra no mapa da Xiaomi

Companhia chinesa anuncia chegada oficial ao país com lançamento do primeiro smartphone da marca e reforça estratégia calcada em vendas diretas pela internet, preços acessíveis e foco no boca a boca das mídias sociais

Brasil Ecomônico

Após meses de expectativa, a chinesa Xiaomi anunciou ontem sua chegada oficial ao Brasil. E assim como aconteceu quando desbancou a Samsung e a Apple ao assumir a liderança do mercado chinês de smartphones, o lançamento da operação local não passou despercebido. O burburinho, a multidão e as longas — e confusas — filas chamavam a atenção no quinto piso de um shopping instalado em uma área nobre de São Paulo. Atrasos e reclamações à parte, o evento resumiu a estratégia responsável pela escalada da companhia e que será replicada agora no país: a mescla de produtos com qualidade reconhecida por especialistas e preços acessíveis, apoiada pela horda de aficionados pela marca.

“Nossa filosofia é oferecer inovação para todos, a um preço justo. Estamos em um momento fantástico e acredito que esse modelo é extremamente relevante para o Brasil, especialmente nesse cenário econômico”, disse o brasileiro Hugo Barra, vice-presidente internacional da Xiaomi, na abertura do evento que contou com parceiros, imprensa e mais de 8 mil inscrições dos chamados “Mi fãs”, como são conhecidos os consumidores da marca. Na empresa há dois anos, o executivo acumula uma passagem pelo Google, onde atuou como vice-presidente para produtos Android, entre outras funções.

O Brasil é o primeiro país fora da Ásia a receber uma operação da Xiaomi e a contar com a oferta de smartphones da marca. Como parte de sua estratégia de expansão além da China, a empresa possui presença em mercados como Índia, Cingapura e Malásia. Já em mercados como França, Alemanha e, mais recentemente, Estados Unidos, as vendas da empresa estão restritas a acessórios e periféricos, por meio da internet.

Para marcar a entrada no mercado brasileiro, a Xiaomi escolheu o smartphone Redmi 2, modelo que não está no topo do portfólio da empresa, mas que segundo Barra, é o aparelho ideal para ganhar escala inicialmente no país. O dispositivo será fabricado nas instalações da Foxconn, em Jundiaí (SP), o que marca também a primeira linha de produção da Xiaomi fora da China. Com um lote inicial importado, o lançamento será acompanhado das ofertas locais do carregador portátil Mi Power Bank e da pulseira inteligente Mi Band.

Durante a apresentação, o executivo fez questão de — aqui e ali — fazer comparações com o iPhone 6,da Apple, ao destacar as configurações do Redmi2, que será comercializado por R$ 499 ou em até dez vezes de R$ 54,90.Modelos com recursos similares de outras marcas, como Samsung, LG e Motorola, também foram mencionados, em uma faixa de preço que varia de R$ 600 a R$ 3,2 mil. Segundo a IDC, os smartphones intermediários – que custam entre R$ 450 e R$ 999 — responderam pela maior participação das vendas da categoria no Brasil entre janeiro e março. No período, o ticket médio foi de R$ 790.

O formato de comercialização do Redmi 2 no Brasil reforça o modelo adotado até aqui pela Xiaomi para se diferenciar no quesito preço. Em um contraponto à estratégia comumente empregada por seus rivais, calcada em parcerias com operadoras, varejistas e em lojas próprias, o aparelho será vendido inicialmente apenas pelo site da companhia, a partir de 7 de julho. Desde ontem, os consumidores podem se cadastrar para efetuar a compra na data em questão. “O modelo de vendas diretas tem um impacto positivo na nossa estrutura de custos. Mas isso não significa que vamos descartar outros canais, como já estamos fazendo em outros mercados nos quais nós atuamos”, disse Barra.

Um dos modelos que já está sendo testado pela Xiaomi, especialmente na China, é o de lojas próprias. A empresa possui cerca de vinte pontos de venda da marca em seu mercado doméstico. Essas lojas conceito estão sendo usadas para a oferta de produtos premium do portfólio da companhia.

Como parte dos esforços com reflexos diretos no custo, Barra afirmou que a Xiaomi vai repetir no Brasil a estratégia de priorizar seus investimentos de divulgação e aproximação com os consumidores nas mídias sociais, em detrimento dos recursos destinados à compra de espaço em mídias tradicionais, outro ponto em comum nos demais representantes da indústria. “O evento de hoje é uma prova de que é possível construir uma marca nas redes sociais. Hoje, temos um engajamento de 40% no Facebook. Nós acreditamos muito mais no boca a boca e no efeito viral dessas mídias”, afirmou.

Embora não tenha revelado o aporte na operação brasileira — que conta hoje com 13 pessoas —, Barra disse que os investimentos estão sendo destinados a frentes como suporte à fabricação, estrutura de atendimento, call center e reparos, mídias sociais e o e-commerce, que será baseado em uma plataforma da B2W. Inédito em outros países, um dos destaques é o serviço de assistência técnica que permitirá ao consumidor agendar a retirada e, posteriormente, a entrega de seus aparelhos em um local de sua preferência. Batizado de Pick Mi, o serviço será ofertado inicialmente em onze cidades da Grande São Paulo.