18/02/09 11h54

Brasil escapa de tempestade na NEC

Valor Econômico - 18/02/2009

Há duas semanas, o anúncio da demissão de 20 mil funcionários da NEC - e mais dezenas de milhares em outras empresas do setor de eletroeletrônicos do Japão - pegou Herberto Yamamuro no olho do furacão. O presidente da subsidiária brasileira da NEC estava em Tóquio para apresentar os resultados de 2008 à matriz quando o tempo fechou. Voltou de lá com um misto de apreensão e alívio. A boa notícia é que o Brasil ficou a salvo dos cortes programados pela companhia - ao contrário, deve até contratar reforços. Segundo Yamamuro, mais cem pessoas devem se juntar ao quadro de 870 funcionários, que já vinha crescendo nos últimos anos. O alento para a NEC brasileira é o fato de que ela atua em segmentos que, até agora, não foram dos mais atingidos pelo vendaval na economia. No país, ela não atua nas áreas que têm feito sangrar a matriz e outras companhias japonesas, como semicondutores e eletrônicos de consumo. Das três grandes linhas de negócios com as quais o grupo trabalha, a unidade do Brasil só tem a de produtos e serviços para redes de telecomunicações e tecnologia da informação (TI). Quando a crise estourou, nos últimos meses de 2008, a NEC estava se preparando para introduzir alguns itens de sua linha de consumo no mercado brasileiro, começando por monitores, servidores e telefones voltados para pequenas e médias empresas. Yamamuro afirma que os planos não foram descartados, mas devem ser implementados de maneira mais pontual e cautelosa. A subsidiária fechou 2008 com receita líquida de R$ 480 milhões (US$ 262,3 milhões), 30% superior à de 2007, e lucro antes de impostos na casa dos R$ 19 milhões (US$ 10,4 milhões) (os números ainda estão sendo auditados). Das 64 empresas que a NEC tem fora do Japão, apenas duas devem fechar no azul o exercício fiscal que termina em março: a brasileira (que já fechou suas contas porque segue o ano calendário) e a irlandesa. Apesar do cenário nebuloso, as perspectivas da NEC para o mercado brasileiro são bastante promissoras. A subsidiária prevê alta de 15% na receita líquida em 2009, porém com redução na margem de lucro. Yamamuro aposta em duas áreas de negócios que devem se manter aquecidas. Uma delas é a venda de equipamentos para redes de telefonia móvel, já que as operadoras têm metas a cumprir. Outro segmento que deve continuar em alta, na opinião de Yamamuro, é o de redes empresariais.