01/12/11 12h15

Brasil faz road show na Ásia para atrair investidor

O Estado de S. Paulo

Em meio ao cenário internacional de aversão ao risco, dirigentes de entidades do mercado de capitais e integrantes da área econômica do governo vão fazer na próxima semana um grande road show na Ásia para vender o Brasil para os investidores internacionais. A estratégia de atração será a de diferenciar a economia brasileira nesse momento de turbulência e mostrar que o sistema financeiro e de capitais nacional tem boa regulação e estrutura sólida para receber investimentos de longo prazo.

O road show, que tem reuniões previstas em Tóquio, Seul e Hong Kong, faz parte de uma iniciativa batizada de BEST (Brazil: Excellence in Securities Transactions). O BEST existe desde 2004, mas agora foi renovado e ganhou reforço extra com mais participantes do mercado e também do governo. Depois que o Brasil recebeu a primeira nota de grau de investimento pelas agências de classificação de risco, em 2008, as reuniões Best foram reduzidas, mas a avaliação que se chegou foi a de que o mercado financeiro de capitais do País ainda é pouco conhecido.

Além de representantes da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), Federação Brasileira de Bancos (Febraban), BM&FBovespa e do Tesouro Nacional, contará com a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Luiz Awazu Pereira, também estará nos encontros com os investidores.

"O Brasil está muito melhor do que há cinco anos, mas existe ainda muita desconfiança. Precisamos mostrar o quanto é seguro fazer investimentos de longo prazo aqui", disse o vice-presidente da Anbima, Pedro Guerra. Ele admitiu que a crise financeira ajuda a diferenciar os ativos do Brasil, mas é preciso avançar mais na comunicação. "O nosso sistema de pagamentos é de longe um dos melhores do mundo", destacou.

Segundo o dirigente da Anbima, a taxação com IOF dos investimentos estrangeiros em renda fixa e variável atrapalha, mas não representa uma barreira já que a adoção desse mecanismo de controle de capitais no Brasil foi feita respeitando o estoque de aplicações que já estava investido e sem afetar a saída do capital. Guerra ponderou, no entanto, que já é hora de o governo retirar o IOF que incide nas aplicações em ações e, dessa forma, ajudar a atrair mais capital externo para novas ofertas primárias de ação (IPO) de empresas no Brasil.

Para o economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg, o Brasil tem espaço para expansão do crédito em 2012 e esse é um grande atrativo para os investimentos externos, aliado a um sistema financeiro com um estrutura sólida, bem regulamentado e com instituições financeiras ainda com baixa alavancagem. "O crescimento do crédito no Brasil tem se dado de forma sustentável", disse Sardenberg.