23/04/10 15h24

Brasil ganha prioridade no mapa global da Logica

Valor Econômico

As novas tecnologias têm mexido com a tradicional discrição dos ingleses. Nem a família real britânica resistiu à exposição oferecida pelo Twitter e decidiu criar sua página na rede social. Pelo microblog, que permite mensagens de até 160 caracteres, a realeza passou a expor fotos da família e vídeos de cerimônias, como a troca da guarda no palácio de Buckingham. Para o discreto Andy Green, executivo-chefe da companhia inglesa Logica, também passou da hora de sua empresa se expor com mais agressividade, mas não via Twitter, e sim no bilionário mercado de serviços de tecnologia. Neste caminho, diz ele, o Brasil será um dos principais destinos da companhia.

Especializada na prestação de serviços de tecnologia da informação (TI), a Logica está presente há 11 anos no Brasil. Com um centro de dados instalado em Mogi das Cruzes (SP) e um escritório central na capital paulista, a subsidiária soma 500 funcionários. Green não menciona valores de investimentos, mas afirma que o plano da companhia é dobrar de tamanho no país em dois anos. O executivo, que visitou o país na semana passada, falou com exclusividade ao Valor. "O Brasil ganha cada vez mais influência econômica em todo o mundo e nós queremos participar deste ciclo", comenta. "Ao lado da Índia, o país é a nossa prioridade para oferta de serviços globais."

Multiplicar os negócios da Logica no Brasil será uma das principais tarefas de um novato na companhia. No fim do ano passado, Green contratou Edson Ferreira Leite para assumir a liderança da empresa na América do Sul. Nos últimos seis anos, Leite foi responsável pelas operações da Tivit, empresa brasileira de serviços de TI controlada pelo grupo Votorantim. Ele também traz no currículo 21 anos de dedicação à americana EDS, comprada pela Hewlett-Packard (HP). "Até o fim da década, teremos uma operação com milhares de funcionários no Brasil", diz Green.

Fundada há 41 anos, a Logica soma atualmente mais de 40 mil funcionários em todo o mundo. Para chegar ao que é hoje, a Logica fez uma rodada de aquisições. Nos últimos anos, comprou a portuguesa Edinfor, a sueca WM-Data e francesa Unilog. No ano passado, o faturamento global chegou a US$ 5,8 bilhões. É, portanto, uma operação de grande porte, mas que enfrenta o vigor de gigantes americanas como Accenture, IBM e HP. No rol da fama das companhias globais de serviços de TI, a companhia também tem de brigar por espaço com as indianas Tata Consultancy Services (TCS) e Infosys.

Green, que dirige as operações da Logica há dois anos, afirma que a independência tecnológica é um dos trunfos da empresa para se diferenciar de alguns de seus principais concorrentes, como IBM e HP. "Não fabricamos equipamentos, não temos vínculos com qualquer fornecedor de software. Isso nos garante autonomia para oferecer a melhor opção tecnológica ao usuário." No Brasil, além da força de rivais multinacionais, a empresa tem de encarar o apetite da concorrência local, uma lista de empresas que inclui nomes como Tivit, Politec e Stefanini - todas voltadas exclusivamente à oferta de serviços de TI.

A especialização em alguns segmentos, diz Green, é mais um curinga nas mãos da companhia. A maior parte dos contratos de serviços de TI fechados pela Logica está atrelada a clientes das áreas de energia e telecomunicações. A empresa também é especializada no atendimento ao setor público. O Brasil ainda não tem um papel discreto no balanço financeiro da empresa, mas segundo Green, esse jogo vai virar. "Vamos apostar pesado no país e todo mercado verá isso."