Brasil pode se posicionar como hub global de aço e alumínio de baixo carbono
Ipesi DigitalO Boston Consulting Group (BCG) divulgou o estudo “Seizing Brazil’s Potential as a Global Hub for Green Industrial Products” durante o Brazil Climate Summit Europe, evento que reúne líderes empresariais e investidores engajados na agenda climática. O levantamento explora o potencial do Brasil para se tornar um centro global na produção de aço e alumínio verdes, impulsionando a descarbonização da indústria e atraindo investimentos significativos.
Segundo a análise, o Brasil é fundamental para um futuro de baixo carbono, podendo desbloquear de US$ 2,66 trilhões a US$ 3 trilhões em investimentos até 2050, aproveitando suas vantagens naturais para ser um protagonista global em soluções de baixo carbono, como energia eólica e solar, hub de hidrogênio verde, agricultura regenerativa, produção de biocombustíveis, restauração de florestas, entre outros.
“O Brasil também possui abundância de recursos naturais (minério de ferro e bauxita, por exemplo, utilizados para fazer aço e alumínio, respectivamente), competitividade na produção de biomassa e uma matriz elétrica renovável, o que reduz as emissões associadas ao consumo de energia na produção industrial. Além disso, a localização estratégica do Brasil no comércio global facilita o acesso aos mercados consumidores importantes e o país tem demonstrado um crescente compromisso com a agenda ambiental, com a implementação de políticas e iniciativas para promover a sustentabilidade e atrair investimentos em projetos verdes”, afirma Arthur Ramos, diretor executivo e sócio do BCG.
De acordo com a consultoria, para transformar esse potencial em realidade é preciso superar desafios e implementar estratégias ambiciosas, como ampliar a circularidade das cadeias de aço e alumínio, investir em tecnologias inovadoras que minimizem as emissões e criar um ambiente favorável, com políticas claras e incentivos financeiros.
A pesquisa destaca ainda que a transição para uma produção de aço e alumínio verdes no Brasil não beneficiará apenas o país. A União Europeia (UE), por exemplo, poderia reduzir significativamente suas emissões de Escopo 3 ao importar esses materiais de baixo carbono do Brasil ao invés de adquiri-los de países com maior intensidade de emissões. Assim, teria a oportunidade de reduzir até 40 milhões de toneladas (MMt) de dióxido de carbono equivalente (CO2e) em aço e de até 10 MMt em alumínio.
“Com a capacidade de atrair entre 10 e 15 bilhões de euros em investimentos e multiplicar as exportações para a União Europeia em 20 a 22 vezes, o Brasil pode gerar empregos e se consolidar como um player estratégico no mercado global”, comenta Ricardo Pierozzi, diretor executivo e sócio do BCG.
Em âmbito global, graças a sua matriz energética relativamente limpa, o Brasil ajudaria a reduzir emissões nas cadeias de valor globais de aço e alumínio primários, ao expandir sua participação nas etapas de beneficiamento e processamento destes metais, alavancando sua posição como um dos líderes em reservas e mineração.
Atualmente, o país tem 17% das reservas globais de minério de ferro e 9% das de bauxita, mas apenas 2% da produção de aço bruto e 1% do de alumínio primário. Num exercício simplificado, se o Brasil aumentasse a sua participação nas etapas de beneficiamento para os mesmos níveis das etapas de exploração, as emissões globais advindas da produção do aço poderiam ter uma redução de 3% a 4% (aproximadamente 85MMt a 105MMt) em emissões e cerca de 10% a 13% em alumínio (40MMt a 50MMt).
“O Brasil não é apenas um lugar natural bonito. Ele conta com recursos e capacidades para ser um hub para soluções verdes e contribuir com a agenda de descarbonização”, finaliza Pierozzi.
Fonte: https://ipesi.com.br/brasil-pode-se-posicionar-como-hub-global-de-aco-e-aluminio-de-baixo-carbono/