20/08/08 14h26

Brasil será a oitava maior economia em 2030, diz estudo

Folha de S. Paulo – 20/08/2008

A um ritmo médio de 4% ao ano, a economia brasileira terá crescido 150% até 2030. O PIB (Produto Interno Bruto), então, chegará aos US$ 2,4 trilhões e o consumo das famílias passará do atual R$ 1,41 trilhão (US$ 898,1 bilhões) para R$ 3,3 trilhões (US$ 2,1 trilhões). O Brasil saltará da décima maior economia para a oitava e terá o quinto maior mercado consumidor mundial. Esse é o futuro que a FGV (Fundação Getulio Vargas) e a empresa de auditoria e consultoria Ernst & Young vislumbram para o país, segundo o estudo "Brasil Sustentável - Crescimento Econômico e Potencial de Consumo", divulgado ontem. Os propulsores do avanço serão a universalização da educação, a estabilidade de preços e a mobilidade social, causada pelo aumento da renda. "Tal processo faz crescer a classe média e gera uma oportunidade de expansão do mercado consumidor nunca vista antes", afirma o professor Fernando Garcia, da FGV Projetos. De acordo com as projeções que fazem parte da pesquisa, a classe mais baixa, a E (renda mensal até R$ 1.000/US$ 637), vai recuar à taxa média de 0,4% ao ano, encolhendo do tamanho de 31,7 milhões de famílias em 2007 para 29,1 milhões de famílias em 2030. Nesse mesmo período, a C (renda entre R$ 2.000/US$ 1274 e R$ 4.000/US$ 2548) crescerá a 4,2% ao ano, chegando a 21,8 milhões de famílias, e a B (renda de R$4.000/US$ 2548 a R$ 8.000/US$ 5096) aumentará 5,4% ao ano, até atingir 11 milhões de famílias. O mercado consumidor terá uma elevação média de 3,8% por ano nesse intervalo. "Essa evolução é superior à das economias maduras", diz Sergio Citeroni, sócio da Ernst & Young. Com esse contingente de consumidores, o Brasil vai superar a França, o Reino Unido e a Alemanha no ranking dos maiores mercados. No entanto, entre as potências emergentes que fazem parte do grupo Bric, será apenas o terceiro, atrás da China e da Índia. Já a Rússia ocupará a 10ª posição mundial. Os ramos de produtos que mais crescerão até 2030 são os de higiene pessoal e limpeza (4,8% ao ano), saúde (4,4%) e serviços financeiros (4,4%). Os do segmento de educação e cultura subirão 4,3% por ano. O grupo dos alimentos "in natura" apresentará a menor alta média, de 2,5% ao ano. Já a alimentação fora de casa, ao lado da hospedagem em hotéis, subirá 3,6% por ano. De acordo com Garcia e Citeroni, o cenário considera que problemas estruturais do Brasil, como a infra-estrutura precária (energia elétrica, rodovias, portos), serão razoavelmente superados, de maneira que não irão atravancar o desenvolvimento. Para as indústrias, o principal desafio será o investimento em pesquisa e inovação tecnológica. "As empresas terão que se esforçar para diferenciar as suas marcas", frisa Citeroni.