12/01/10 11h31

Brasil vai produzir motor da versão americana do Fiesta

Valor Econômico

Chegou a hora de o conhecimento brasileiro no desenvolvimento de carros pequenos ajudar os americanos, que serão, agora, obrigados a diminuir o tamanho dos seus automóveis. O motor do modelo Fiesta, que começará a ser vendido nos Estados Unidos em meados deste ano, será produzido na fábrica da Ford em Taubaté, no interior de São Paulo. A força desse contrato de exportação para a matriz justifica grande parte do recente investimento da montadora em Taubaté para, daqui a dois anos, ampliar a capacidade de 280 mil para 500 mil motores por ano.

No ano passado, a Ford anunciou o investimento de R$ 600 milhões (US$ 348,8 milhões) na fábrica de motores e transmissões de Taubaté para o desenvolvimento de uma nova família de produtos de última geração, que leva o nome de Sigma. Parte dos recursos foi sustentada pelo programa do governo paulista que permite reverter créditos em ICMS das exportações em investimentos no Estado. O motor que será usado no carro vendido para os americanos é o de 1,6 litro. "Não temos esse tipo de motor nos Estados Unidos", explicou ontem Mark Fields, o presidente da Ford Americas, durante a apresentação do salão do automóvel em Detroit.

A decisão de importar do Brasil o motor do Fiesta que será vendido no mercado americano é uma maneira de a Ford queimar etapas na corrida da indústria americana no desenvolvimento de modelos de veículos menores. Além disso, a empresa vai aproveitar a isenção de impostos prevista no acordo de intercâmbio comercial entre Brasil e México. O Fiesta feito para americanos será produzido na fábrica do México. Assim, os motores serão enviados do Brasil para o México e os carros, do México para os Estados Unidos e para o Canadá. A direção da Ford não revela os volumes previstos nessa exportação. Mas é possível dizer que boa parte da decisão de dobrar a capacidade na fábrica de Taubaté se deve a esse contrato. O restante da capacidade servirá para continuar atendendo as fábricas da Ford no Brasil e Argentina.

A escolha da matriz pela importação do produto fabricado em Taubaté ajudará a Ford do Brasil a dar uma guinada no seu programa de exportações. Como em toda a indústria automobilística, a receita da montadora com exportações começou a cair com a crise nos países vizinhos aliada à valorização do real. O faturamento com vendas externas da Ford passou de US$ 825 milhões em 2008 para US$ 464 milhões, no ano passado.

A valorização do real não será um impedimento para o contrato de exportação com a matriz, afirmou Fields. Segundo o executivo, trata-se de uma decisão estratégica. "No nosso negócio temos de avaliar onde estão as instalações que servem para abastecer uma nova linha e também a expertise de cada região", destacou. "Os 24 trimestres consecutivos de lucro da filial brasileira nos estimulam a continuar investindo no país", acrescentou o executivo, ao lembrar o programa de investimentos da Ford no Brasil, de R$ 4 bilhões (US$ 2,3 bilhões), anunciado no fim do ano.