24/10/08 16h44

Brasil vira um dos principais destinos da britânica Logica

Valor Econômico - 24/10/2008

Quando se pensa no mapa da competição global pelos serviços de tecnologia da informação (TI), duas regiões vêm à mente: os Estados Unidos - o país de origem das maiores gigantes do setor, como IBM e Hewlett-Packard (HP) - e a Índia, que nos últimos anos soube firmar-se como referência mundial na produção de software sob encomenda para empresas estrangeiras. O britânico Andy Green conhece bem esse cenário, mas sua visão está concentrada em pontos diferentes do globo terrestre. O primeiro é a Europa, mercado original da Logica, a companhia de serviços de TI que ele passou a dirigir em janeiro deste ano. O segundo divide-se entre dois destinos: a Índia, pelos motivos já conhecidos, e o Brasil. A companhia, sediada em Londres, está longe de ser pequena: no ano passado, alcançou um faturamento de 3,073 bilhões de libras esterlinas, com aumento de 54% em relação ao ano anterior. O lucro líquido chegou a 168,1 milhões de libras esterlinas, o equivalente a um salto de quase 89% em relação a 2006. Essa receita, porém, está fortemente concentrada na Europa: 95% de todas as vendas da empresa em 2007 foram feitas nos países do continente. À primeira vista, uma opção para buscar novas fontes de receita fora da Europa seriam os Estados Unidos, mas a Logica pretende permanecer longe de uma disputa direta por esse mercado. A razão? Isso significaria um corpo-a-corpo com companhias muito maiores e que já tem um relacionamento estabelecido com os grandes clientes. Nos EUA, diz Green, a atividade ficará concentrada em apoiar usuários de outras nacionalidades que têm operações no mercado americano. Com a Europa ocupada e os EUA fora de questão, é natural que a atenção se volte para os mercados emergentes. Com a decisão de investir no Brasil e na Índia, a Lógica não só quer ganhar acesso a mercados que crescem rapidamente, como identificar oportunidades de estabelecer bases para exportar serviços. No Brasil, o ritmo de contratações da empresa acelerou-se nos últimos meses, principalmente a partir de fevereiro, quando a companhia instalou em São Paulo a sede de sua subsidiária regional, a Logica América do Sul. "Desde então, contratamos cerca de 200 pessoas", diz o americano Fermin Fautsch, que comanda a empresa na região. "Como a equipe hoje reúne 500 profissionais, isso significa que quase metade dos funcionários está na empresa há menos de um ano." Além do escritório central em São Paulo, a Logica tem um centro de dados em Mogi das Cruzes, no interior do Estado. No Brasil, um dos segmentos em que a companhia vê mais oportunidades é o de serviços de utilidade pública, como energia. Quanto à possibilidade de usar o país como base para exportar serviços para clientes do mercado europeu, Green diz que os profissionais brasileiros oferecem vários dos requisitos exigidos para a tarefa, incluindo habilidades técnicas e de idioma, mas que é preciso examinar a questão com cuidado. O desafio é fazer com que uma eventual decisão desse tipo não comprometa o crescimento das operações para os clientes do próprio país, afirma o português João Baptista, ele mesmo recém-chegado na empresa.